Bolsonaro se conforma com convocação da CPI
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
Interlocutores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) contaram à coluna que ele já se prepara para a possibilidade de ser convocado para depor na CPI mista dos atos golpistas de 8 de janeiro, criada esta semana no Congresso Nacional, e até para tentar usar o depoimento politicamente. A oposição tentará usar a comissão para trazer o governo para o centro das investigações depois que foi revelado o vídeo do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) general Gonçalves Dias andando pelo corredor do Palácio do Planalto e, minutos depois, acompanhado de invasores e indicando o local para as escadas do prédio. Em depoimento à PF, o ministro alegou que fazia “gerenciamento de crise” e, por isso, não prendeu os invasores.
O objetivo dos bolsonaristas é tentar “mudar a narrativa” sobre o 8 de janeiro. Internamente, integrantes do PL admitem que o vandalismo gerou muito desgaste e que o vídeo do general permitiu à oposição dividir responsabilidades sobre o episódio. Por isso, Bolsonaro precisa se preparar para ser alvo já que também está envolvido na própria investigação do caso na PF. Na quinta-feira (26), ele prestou depoimento na PF sobre o vídeo e disse que a postagem ocorreu acidentalmente porque ele pretendia compartilhar o vídeo consigo mesmo no WhatsApp, para assistir depois, mas acabou postando no Facebook. O governo, por outro lado, se prepara para apresentar na CPI toda a linha de investigação que já é conduzida pela PF. A minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres, além de outras provas que apontam para Bolsonaro e seus aliados como os responsáveis por estimular o ataque aos prédios da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro. Com prazo de 180 dias, a CPI mista deve ser instalada na semana que vem. A expectativa é que um deputado seja o presidente e a relatoria fique com um senador.