Confira o histórico de confusões de Carlos Bolsonaro
Foto: AFP
Em uma publicação em tom de desabafo feita nas redes sociais no domingo, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) anunciou que deixará de administrar as redes sociais do pai, Jair Bolsonaro. A postagem do vereador do Rio de Janeiro é cheia de recados e revela sua insatisfação com o entorno do ex-presidente, apesar dele não nomear a quem está endereçando suas críticas.
“Difícil ficar sozinho anos e ser tratado de modo que nem um rato mereceria”, diz um trecho do anúncio. A discórdia relatada por Carlos, que o levou a tomar a decisão, é a última de uma série de controvérsias que marcam a atuação do filho “02” do ex-presidente Bolsonaro nos últimos anos.
Já no primeiro ano de governo do pai, em 2019, Carlos provocou uma crise no Planalto ao chamar de mentiroso o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno. Aliado de primeira hora de Bolsonaro, ele viria a ser demitido do GSI após o caso. Em 2020, Bebianno morreu após ter um infarto.
Outro alvo constante de ataques de Carlos foi o general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro. Ele chegou a acusar-lo de traição e de atuar contra o então presidente. Recentemente, ele xingou o agora senador após um pronunciamento onde Mourão criticou “lideranças que deveriam tranquilizar a nação”, mas contribuíram para um clima de caos. “Nenhuma novidade vinda desse que sempre disse que era um Bosta!”, postou o vereador.
O filho do ex-presidente Bolsonaro usou por diversas vezes suas redes para publicar textos em tom enigmático e com mensagens golpistas. Em uma dessas postagens ele escreveu que “por vias democráticas, a transformação que o Brasil quer não acontecerá”.
Ainda em 2019, o vereador criticou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no caso da prisão de um militar da Aeronáutica flagrado com 39 kg de cocaína na Espanha, durante viagem da comitiva presidencial. “Mais uma falha de segurança. Seria bom a segurança do Presidente ficar mais atenta”, escreveu no Twitter. O ministro do GSI, Augusto Heleno, rebateu, dizendo que Carlos Bolsonaro “é traumatizado” pelo atentando a faca sofrido pelo pai.
O filho “02”de Bolsonaro tem uma relação turbulenta e cheia de rusgas com a ex-primeira-dama, Michelle. Após a derrota para Lula na eleição, Carlos, que maneja as contas do pai, deu unfollow em Michelle nas contas de Bolsonaro. Ao longo da campanha, a relação que j[a era ruim piorou. Às vésperas do debate da TV Globo, e Carlos estava com o pai no Palácio da Alvorada numa reunião. A primeira-dama exigiu que ele deixasse a residência oficial e ele foi embora.
Segundo publicou a colunista do GLOBO Bela Megale, a família de Bolsonaro culpa Carlos pela postagem golpista feita no perfil do ex-presidente no Facebook, que serviu como base para incluí-lo na investigação sobre a autoria intelectual dos atos terroristas de 8 de janeiro. O vídeo compartilhado no Facebook de Bolsonaro dois dias depois da invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes questiona a vitória de Lula na eleição, faz ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) e desacredita o sistema eleitoral brasileiro.
Amigo de Jair Bolsonaro, a quem assessorou na campanha presidencial de 2018, Waldir Ferraz afirmou à revista “Veja” que a advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, comandou um esquema de rachadinha que incluía os gabinetes do ex-marido, então deputado federal, do senador Flávio Bolsonaro (à época, deputado estadual) e do vereador Carlos Bolsonaro. Ele ressaltou que Bolsonaro e os filhos não sabiam dos esquemas montados pela ex-mulher.