CPMI golpista é novo 8 de janeiro
Eduardo Guimarães
Para começo de conversa, a famigerada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre a intentona golpista e bolsonarista levada a cabo em 8 janeiro deste ano é nada mais, nada menos que uma extensão da mesma tentativa de golpe
Explicando melhor: no limite, o bolsonarismo sonha em construir um cavalo-de-batalha análogo às pedaladas fiscais atribuídas a Dilma Rousseff e que serviram para derrubá-la.
As versões que o bolsonarismo quer explorar simplesmente desprezam a lógica, o bom senso e a inteligência das pessoas. Há duas versões mais fortes que os golpistas planejam explorar, entre as várias maluquices que voam por aí:
1a) – O governo Lula fez “corpo mole” diante dos ataques aos Palácios da República. Segundo a teoria, teria permitido que os golpistas avançassem sem sequer sofrerem oposição da polícia e do Exército.
2a) O governo Lula vestiu petistas de verde e amarelo e os mandou atacarem os Palácios. Simples assim.
Chega a ser ridículo explicar por que essas teorias não durariam uma fração de segundo em uma investigação séria, já que há contra os bolsonaristas nomes, RGs CPFS, postagens em redes sociais, vídeos, financiadores com cara e nome e muito mais que mostra que eram todos bolsonaristas-raiz.
Um ex-deputado bolsonarista andou criticando uma das teorias mais malucas dos golpistas, a de que Lula estava no Planalto na hora da invasão. Só isso já mostra como são delirantes, já que há um mundo de provas de que o presidente estava em Araraquara, interior de São Paulo, no dia dos fatos.
Então por que os bolsonaristas se esforçaram tanto para instalar a CPMI do 8 de janeiro? Porque veem nela a chance de criar dúvidas sobre as próprias culpas nas mesmas mentes imbecilizadas que votaram em Bolsonaro na eleição do ano passado.
O efeito da farsa, porém, não seria meramente político. Note-se que, contra Dilma, inventaram uma balela qualquer e ela foi derrubada facilmente, porque a direita sempre foi muito forte no Legislativo. Assim, se colar, colou. E dá-lhe golpes no Brasil
Ocorre que a dimensão absurda das teses que tentam levantar está sendo vista — inclusive pelas autoridades do Sistema de Justiça Brasileiro — como mais uma tentativa de golpe. Ou uma tentativa de desgastar a democracia fazendo valer uma farsa abjeta e criminosa.
Por conta disso, o Supremo e o TSE já aceleraram processos contra o próprio Bolsonaro. A inelegibilidade sairá em alguns dias e a vinculação dele com o 8 de janeiro já foi consolidada na sua inserção na investigação sobre a intentona golpista.
Bolsonaro e Anderson Torres já têm lugar garantido como convocados pela CPMI, se ela realmente ocorrer. Anderson Torres, que recusou oferta da oposição para vitimizá-lo com visitas a ele na prisão e venda da teoria de que é uma vítima do “malvado” STF. Afinal, não quer marola com aqueles que podem prolongar MUITO o seu suplício.
Não é por outra razão que reportagem do Correio Braziliense desta segunda (24) dá conta de que a oposição já está querendo desistir da CPMI que propugnou até não mais poder. Simplesmente porque o tiro está com cara e cheiro de que vai sair pela culatra.
Note-se que, enquanto Lula ficou 580 dias de cabeça erguida no cárcere, Torres chora, esperneia e emagrece 12 quilos após míseros 100 dias. Eis por que Lula está governando o país pela terceira vez.
Redação