Dino perdeu paciência com Múcio em 8/1
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As imagens das câmeras do Palácio do Planalto, cujo acesso foi liberado no sábado (22), mostram um momento de tensão entre os ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio, na noite do dia 8 de janeiro.
Como a gravação não tem áudio, não é possível saber o motivo da discussão dos dois integrantes do governo. Na época, eles divergiram quanto à remoção do acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general do Exército. Esse foi o ponto de partida dos manifestantes que invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes.
Dino queria remover logo os acampados. Múcio defendeu que ninguém fosse retirado do local à força. Após as invasões, ele ficou sob risco de perder o cargo.
As imagens mostram que, por volta das 21h30 da noite do dia 8, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vistoriava os estragos provocados pelos manifestantes. Era seguido e perto pelo então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias. Diversos integrantes da cúpula do governo foram ao Planalto naquela noite.
Às 21h46, as imagens mostram Dino chegando e iniciando uma conversa com Múcio, que estava ao telefone. Ambos gesticulam com intensidade, no que parece ser uma discussão. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também participa. A conversa é assistida pelo diretor do Instituto Lula Paulo Okamotto, pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) e pelo ministro da Integração Regional, Waldez Góes.
A discussão deu-se na antessala do gabinete de Lula. As imagens das câmeras de segurança foram liberadas por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator das investigações dos atos do dia 8 de janeiro. Ao todo, são mais de 160 horas de gravação.
Imagens veiculadas inicialmente pela CNN Brasil mostram que um agente do GSI, o major José Eduardo Natale, dá água para os manifestantes. G. Dias, como é chamado o ex-ministro do GSI, aparece circulando entre os invasores. Após a divulgação dos vídeos, ele pediu demissão.
Pelas imagens, é possível ver que o general chega ao gabinete presidencial às 16h29. Alguns minutos antes, Natale havia retirado os invasores que estavam próximos ao local, direcionando-os à escada que leva ao segundo andar.
Dias aparece no gabinete já vazio, vistoriando as salas e fechando portas. Em seguida, dirige-se ao hall dos elevadores, onde encontra mais golpistas. Ele abre a porta de vidro do gabinete para que as pessoas atravessem a antessala e cheguem até um outro corredor e saiam pela escada, tal como o grupo anterior.
Em depoimento à PF na sexta-feira, o ex-chefe do GSI afirmou que não efetuou pessoalmente a prisão porque estava fazendo um “gerenciamento de crise” e porque o “protocolo” seria que os invasores seriam presos pelos agentes de segurança (ver acima).
Uma das câmeras também mostra um invasor tentando roubar dois caixas eletrônicos do Palácio do Planalto. Um homem com camiseta da seleção brasileira, boné e uma bandeira do Brasil amarrada no pescoço e cobrindo parte do rosto entra no segundo andar do palácio pelas escadas e vê um caixa eletrônico já depredado por outro golpista que subiu antes.
Ele mexe no caixa eletrônico, pega um extintor de incêndio que estava no chão e bate no aparelho para tentar abri-lo. Outro dos invasores o aborda e aparentemente questiona o que ele está fazendo. Não há som nas câmeras de segurança e, portanto, não é possível saber o que conversavam.
Esse homem volta a tentar forçar a parte de onde sai o dinheiro. Outros golpistas aparecem e começam a falar com ele. O homem sai andando e some da imagem. Cerca de dois minutos depois, alguém destrói a câmera de segurança que gravava o corredor.
Cerca de 15 minutos depois, outra câmera, do andar acima, grava o mesmo homem tentando forçar o caixa do terceiro andar. Ele, contudo, não consegue e logo desiste.