Entenda os principais objetivos de Lula na China
Foto: Ricardo Stuckert
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou nesta quinta-feira sua terceira visita de Estado à China. O objetivo do governo brasileiro é “relançar” as relações com o país asiático, que desde 2009 é o principal parceiro comercial do Brasil, mas que no governo de Jair Bolsonaro foram alvo de críticas.
Só no ano passado, o comércio entre os dois países somou US$ 150,4 bilhões, nível recorde e 21 vezes maior do que na primeira viagem do petista a Pequim, em 2004. Além disso, o Brasil é o quarto país no mundo onde a China mais investe, respondendo por 5% do total.
A delegação brasileira, que chegou em Xangai na noite de quarta-feira, é a primeira a visitar a China após a escolha da nova composição dos principais cargos do governo chinês, ocorrida nas sessões gêmeas da Assembleia Nacional Popular e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, no começo de março.
Na comitiva de Lula, estão oito ministros, como o da Fazenda, Fernando Haddad, e Marina Silva, do Meio Ambiente, empresários, deputados, senadores e sindicalistas. Há ainda cinco governadores, incluindo Elmano de Freitas, do Ceará, e Carlos Brandão, do Maranhão. Nesta quinta-feira, a agenda foi toda em Xangai, onde entre os compromissos, Lula visitou uma fábrica da Huawei.
De acordo com divulgação oficial feita nesta quinta-feira, 13, na China, o governo brasileiro tem quatro objetivos com a visita, que na tarde desta sexta-feira, 14, terá seu ponto alto, um encontro entre Lula e o presidente chinês Xi Jinping. O primeiro é “atualizar o relacionamento bilateral entre os dois maiores países em desenvolvimento em seus respectivos hemisférios”.
O segundo objetivo é “intensificar a parceria em temas estratégicos”, como comércio, investimentos em infraestrutura, reindustrialização, segurança alimentar, transição energética, e meio ambiente.
Por isso, a presença não só de Marina Silva, mas também do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que faz sua segunda viagem ao país asiático em menos de quinze dias. No final de março, quando estava prevista a visita oficial de Lula, depois adiada por uma pneumonia, Fávaro foi e cumpriu uma agenda de trabalho.
O terceiro objetivo do Palácio do Planalto é identificar “novas áreas de cooperação de interesse comum, em particular em campos intensivos em ciência, tecnologia e inovação”.
Por fim, Lula quer “inaugurar período de dinamização de contatos de alto nível, bilaterais e em foros multilaterais”, como na Organização das Nações Unidas (ONU) e no G20, grupo dos países mais ricos do mundo. Em seu primeiro discurso na China, Lula defendeu reformas nestes organismos multilaterais e defendeu maior participação dos emergentes na economia mundial.
A primeira venda entre Brasil e China aconteceu em 1973, um ano antes do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. O governo Lula descreve essas relações como “maduras, sólidas e baseadas em interesses comuns e de longo prazo”. Em 2022, o comércio dos dois países bateu recorde histórico, com US$ 150 bilhões. A China importou US$ 90 bilhões do Brasil e exportou US$ 60 bilhões.
As vendas do Brasil para o país asiático somaram em 2022 mais do que o total que o País vendeu para os Estados Unidos (US$ 37 bilhões) e para a União Europeia (US$ 50,8 bilhões). A pauta de exportações do Brasil para a China está basicamente concentrada em três produtos: minério de ferro, soja e petróleo. No ano passado, um terço das exportações brasileiras do agronegócio foram para a China.
Cerca de 20 acordos bilaterais deverão ser assinados entre Brasil e China durante a visita de Lula. Um deles será para a construção do CBERS-6, o sexto de uma linha de satélites feitos em parceria entre os dois países. O novo modelo vai permitir o monitoramento de biomas, como a Floresta Amazônica, mesmo com nuvens, graças a uma nova tecnologia.
Lula já fez duas visitas de Estado a China, a primeira em 2004 e a segunda em 2009. O Presidente esteve em Pequim, ainda, na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, em agosto de 2008.