Especialistas divergem sobre taxação de importados
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brasileiro.Especialistas ouvidos pelo UOL Debate de hoje divergiram: enquanto um defendeu que o endurecimento das medidas beneficia a indústria nacional e, a longo prazo, impede a perda de empregos no Brasil, o outro afirmou que há um ciclo natural de renovação dos tipos de trabalho, e que, no fim das contas, o consumidor vai pagar mais caro de qualquer forma pelo produto.
Para André Roncaglia, doutor em economia do desenvolvimento pela FEA-USP e professor da Unifesp, a medida pode ser impopular, mas visa combater uma sonegação sistemática de impostos por parte das varejistas estrangeiras, enquanto as empresas brasileiras arcam com altos custos tributários. [O governo] não pode simplesmente passar a mão na cabeça de empresa estrangeira, fragilizando o trabalho de todo o comércio varejista nacional” Para Roncaglia, também há riscos do barato sair caro para a população brasileira, com uma potencial destruição de empregos no setor varejista, que não conseguiria concorrer com o volume de produtos que entram no Brasil a preços mais baixos pela ausência de impostos, além do risco de uma “oligopolização” de diferentes setores. O economista defendeu que essa é uma medida que “qualquer governo deveria fazer”, lembrando que o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a considerar ação semelhante a tomada pelo atual chefe da Fazenda, Fernando Haddad. Governo resolve faturar e não mexer no “custo Brasil”, avalia ex-deputado Já para o ex-deputado estadual Ricardo Mellão (Novo-SP), que é advogado especializado em direito administrativo pela FGV, a forma como o governo visa executar a cobrança ignora que o consumidor busca apenas por uma forma mais barata de comprar —e que ele não compra do Brasil devido aos altos custos da produção nacional. Em vez [do governo] tirar toda a desvantagem que ele gera, resolve faturar em cima disso.” Mellão também é crítico sobre as previsões de arrecadação do governo com a retirada da isenção de US$ 50. Para ele, a estimativa considera o volume de compras feito hoje, número que pode cair frente à previsão de que as compras fiquem mais caras. Além disso, o ex-deputado avalia que a potencial perda de trabalhos no setor varejista poderia ser compensada em outra ponta, já que o consumidor gastaria o dinheiro “economizado” com outros serviços.