Governador do Rio se desentende com Lula e Bolsonaro
Foto: Leo Martins
O governador Cláudio Castro completou cem dias de seu novo mandato no Rio em meio a atribulações com o presidente Lula (PT) e com seu próprio partido, o PL. Reeleito como aliado do então presidente Jair Bolsonaro (PL), mantendo também acenos a Lula, Castro passou a disputar espaço neste ano com a ala bolsonarista do PL, enquanto cobra mudanças do governo federal na área de segurança.
Castro evitou acenos públicos a Bolsonaro imediatamente após seu retorno ao Brasil no fim de março. Além de discordâncias com deputados bolsonaristas, o governador entrou em rota de colisão com o chefe do diretório estadual do PL, Altineu Côrtes, que é aliado do presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, pelo comando da sigla no Rio.
Visto por integrantes do PT fluminense como um aliado em potencial de Lula, Castro também marcou divergências públicas com o Palácio do Planalto. O governador criticou as gestões da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no estado, sob responsabilidade dos irmãos Leandro e Vitor Almada, respectivamente, ambos nomeados neste ano.
Ao tomar posse como superintendente da PF no Rio, Almada colocou como foco as investigações sobre “agentes políticos que traem a confiança do eleitor”. Nas últimas semanas, após operações da Polícia Civil e da Polícia Militar fluminense que prenderam lideranças do tráfico, Castro cobrou a PF e a PRF por terem “sumido nos últimos três meses”, retirando o foco do “combate à criminalidade, às armas e às drogas”.
Castro também defendeu a realização de operações policiais em favelas, alvo de críticas da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, na semana passada.
— O trabalho conjunto que vínhamos fazendo antes era imprescindível para coibir a entrada de armas e drogas no estado. Combater o crime também é compromisso das forças nacionais — afirmou.
Castro ainda cobra o governo Lula por uma revisão do acordo de recuperação fiscal do Rio. O governador alega que a redução do ICMS sobre combustíveis, no governo Bolsonaro, deixou o estado em um cenário “pior do que o da época da homologação” do acordo.