
Joias bolsonaristas serão periciadas
Foto: Sergio Lima / AFP
Após o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras nove pessoas, na tarde desta quarta-feira, a Polícia Federal tomará novas providências no inquérito aberto para investigar a destinação de três conjuntos de joias dadas por autoridades sauditas ao Estado brasileiro. Além da concluir a perícia nos bens, a PF realiza outras diligências, como a análise de documentos e imagens relacionados ao caso. Os investigadores também vão se debruçar sobre as oitivas realizadas ontem em busca de contradições.
A princípio, a PF apura as suspeitas de pelo menos dois crimes: peculato (apropriar ou desviar bem de valor econômico que a pessoa tinha em razão do cargo público); e descaminho, por não ter declarado as joias à Receita.
Jair Bolsonaro disse à PF que mandou o seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, verificar e esclarecer o que poderia ser feito com as joias dadas pelas Arábia Saudita, retidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, segundo o relato de uma pessoa que acompanhou o depoimento. O ex-mandatário afirmou que a sua intenção era evitar um vexame diplomático de o presente dado por outra nação ser levado a leilão.
No início da semana, teve início a perícia no primeiro conjunto de joias que entrou no Brasil na mochila do assessor do então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, em 2021. Entregues na Superintendência do órgão em São Paulo, os bens foram levados a profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília, e estão sendo examinados pelo setor de gemologia, ciência que estuda pedras preciosas.
Os peritos do INC vão descrever os materiais das joias, verificar os parâmetros físicos dos diamantes, realizar análises dos componentes para valoração e ainda atestar a autenticidade das peças.
Também deverão passar pelo INC um segundo conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões e que foi retido por fiscais da Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Na ocasião, o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou trazê-lo sem declará-los e chegou a argumentar que seriam dados à Michelle Bolsonaro.
Ainda serão objeto de perícia outro pacote de joias composto por relógio, caneta, anel, abotoaduras e um masbaha. Os objetos foram incorporados por Bolsonaro em seu acervo pessoal, antes de deixar à Presidência. Assim como os bens de R$ 16,5 milhões, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a devolução desse conjunto, pois não poderiam se considerados itens personalíssimos devido ao alto valor.