Lula avalia que Bolsonaro armou 8 de janeiro
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Na manchete impressa do espanhol El País, para extensa entrevista de Lula à diretora do jornal, Pepa Bueno, “Só os que estão fora da guerra podem pará-la”. No enunciado online, “Cada lado quer vencer e muitas vezes uma guerra não precisa ter vencedor”.
O texto descreve como o presidente brasileiro “busca com cuidado as palavras” para não estragar suas chances como mediador no conflito. Mas ele critica a própria União Europeia, que “deveria adotar um caminho intermediário, um papel de mediação”, porém: “a Europa se implicou muito rapidamente”.
A entrevista é anterior à conversa entre Xi Jinping e Zelenski, que não é citada. “Quanto mais paz tivermos, mais produtivo e mais justo será o mundo, essa é a tese que vou seguir defendendo”, disse Lula.
O jornal destaca, entre outras, sua resposta a uma pergunta sobre a responsabilidade do ex-presidente no “assalto golpista” de 8 de janeiro: “Não tenho dúvida de que ele tentou dar um golpe. Estamos convencidos de que tudo foi organizado por Bolsonaro e sua equipe”.
Instado a comentar se “a democracia está a salvo no Brasil”, afirmou: “Não só no Brasil. Devemos salvar a democracia em todo o mundo, porque também existe a extrema direita na Espanha, em Portugal, na França, na Alemanha… A Espanha sabe o que é o autoritarismo”.
Na mesma linha, questionado sobre “respeito aos direitos humanos nessa nova ordem internacional que preconiza”, com a entrevistadora citando especificamente a China, Lula respondeu:
“Não podemos pensar agora que a China é culpada do que está acontecendo no mundo. O problema não é só China, é Estados Unidos, França, Reino Unido. Todos os países que formam o Conselho de Segurança devem tomar a iniciativa de abrir o espaço.”
No editorial “Lula na Europa”, na mesma edição, o jornal opina que a viagem “ratifica o regresso do país gigantesco ao multilateralismo internacional”. E que “o cerne do discurso de Lula serve para lembrar ao Ocidente que grande parte do chamado Sul Global não quer ser levado a escolher lado na nova ordem global”.