Lula exalta volta do social ao comemorar 100 dias

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Foto: Ed Alves/CB/DA.Press

Preocupado em manter em evidência o carro-chefe de seu governo — as políticas sociais —, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou em seu discurso comemorativo dos 100 dias a necessidade de focar no futuro. O petista definiu esse movimento como “olhar para as pessoas”, especialmente as que estão em situação mais vulnerável.

“Não se constrói um país verdadeiramente desenvolvido sobre as ruínas da fome, dos ataques à democracia, do desrespeito aos direitos humanos e das desigualdades de renda, raça e gênero. Não se chega a lugar nenhum deixando para trás a metade mais sofrida da nossa população”, enfatizou.

Ele destacou a visita que fez no domingo ao Maranhão, que enfrenta efeitos devastadores das chuvas. Em todo o estado, nove rios, além de riachos e açudes, transbordaram, deixando cidades isoladas e em situações graves. Lula ainda disse que quer levar os ministros para conhecer “lugares em que as pessoas vivem miseravelmente”. “É para essas pessoas que temos de levar um pouco. É para essa gente que convidei vocês para serem ministros”, frisou.

Segundo o presidente, existem pessoas que “não precisam tanto do governo”, como a classe média, que deve ser a maior beneficiada por uma “reforma tributária justa”. “Não tem outro jeito de a gente ser humano se não governar para as pessoas mais humildes, mais sofridas, que verdadeiramente precisam do Estado”, ressaltou, sustentando que os “mais ricos” não precisam do suporte do governo.

O chefe do Executivo afirmou que programas sociais voltados para os mais pobres, como o Minha Casa Minha Vida, serão estendidos à classe média. “É importante lembrar que precisamos pensar não apenas nas pessoas que ganham um salário mínimo, mas naquelas que ganham três, quatro. A gente não quer pensar só no mais pobre. O pobre é prioridade, mas a gente tem que pensar no conjunto da sociedade brasileira.”

Sobre o programa de moradia, Lula disse esperar que sejam contratados dois milhões de novas residências, e se dirigiu diretamente ao ministro das Cidades, Jader Filho. “Não sei se vai dar para contratar 2 milhões. Espero que você (o ministro) tenha sucesso”, destacou.

Conforme Lula, é preciso garantir melhor condições de habitação e de vida para pessoas que moram em favelas, palafitas e outros locais precários. “A gente ir acabando com as palafitas existentes neste país, porque não existe jeito de morar mais degradante do que morar numa palafita”, acrescentou.

Outro programa citado pelo presidente, que ainda não saiu do papel, é o Desenrola, que tem como objetivo a renegociação de dívidas de cerca de 60 milhões de brasileiros com renda de até dois salários mínimos. Na reunião com os ministros, Lula pediu que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, agilize o lançamento.

“Lembro que eu dizia na campanha que, se a gente não fizer, dá a impressão de que a gente está enrolando o povo. Como o programa chama Desenrola, Haddad, eu queria que você, a sua equipe, fizessem uma conversa na Casa Civil, preparassem esse programa para a gente lançar. (…) Vamos desenrolar, pelo amor de Deus. Vamos desenrolar aí”, brincou.

Já na área da educação, o foco é em recuperar o tempo perdido na pandemia. “Em conjunto com estados e municípios, desenvolveremos políticas para superar a defasagem no ensino, a evasão e o abandono escolar. A escola de tempo integral, da creche ao ensino médio, ganhará maior amplitude. E nossos estudantes, educação de qualidade”, prometeu o chefe do Executivo.

Para a saúde, está no radar desde a campanha eleitoral a retomada do programa Aqui Tem Farmácia Popular, que fornece medicamentos gratuitos e baratos para a população. O programa Mais Médicos deve ser renovado e ampliado para alcançar mais locais em que a população está desassistida.

Em relação às novas pastas, ele destacou a criação do Ministério dos Povos Indígenas, que possibilitou que o Brasil voltasse a “cuidar de seus primeiros habitantes”. O combate à desigualdade racial foi citado no nome do Ministério da Igualdade Racial, com as iniciativas de titulação de terras quilombolas e da cota para negros nos cargos de chefia do serviço público.

Correio Braziliense