Ministros de Bolsonaro também surrupiaram presentes

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Foto: mike sena/ metrópoles

Diferentemente do ex-chefe, ex-ministros de Jair Bolsonaro ainda não devolveram à União os relógios da marca francesa Cartier que ganharam do reino do Qatar em 2019. À época, cada relógio foi estimado em cerca de R$ 50 mil.

Receberam o presente os ex-ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Osmar Terra (Cidadania), Gilson Machado (Turismo), Onyx Lorenzonni (Trabalho) e Augusto Heleno (GSI).

Outros integrantes do segundo escalão do governo também ganharam o mesmo relógio. Entre eles, o ex-presidente da Apex Sergio Segovia e Caio Megale, ex-assessor do Ministério da Economia.

Em março de 2023, o ministro do TCU Antônio Anastasia afirmou, em decisão seguida por outros membros da Corte, que os presentes extrapolaram os “limites da razoabilidade” e violaram o princípio da “moralidade pública”.

A decisão, porém, deixou uma brecha sobre a devolução obrigatória dos relógios. Em seu texto, Anastasia, que era o relator do caso, fala que os citados tinham o “dever ético” de devolver os objetos.

“No tocante às demais autoridades integrantes da comitiva oficial em viagem ao Qatar (sic), considerando que os Srs. Ernesto Henrique Fraga Araújo, Osmar Gasparini Terra, Sergio Ricardo Segovia Barbosa, Gilson Machado Guimaraes Neto e Caio Megale afirmaram que receberam relógios Cartier ou de outra marca, possuem o dever ético de devolver os respectivos presentes recebidos”, escreveu ministro.

Anastasia completou dizendo que o recolhimento dos relógios poderia ficar sob responsabilidade da Secretaria-Geral e da Comissão de Ética da Presidência da República.

A coluna checou com os órgão responsáveis da Presidência da República, que informaram não terem recebido nenhuma joia desde o início deste ano.

Procurado pela coluna, Onyx Lorenzoni disse que fará a devolução assim que voltar de férias. O ex-ministro está sem cargo público após ser derrotado em sua tentativa de se eleger governador do Rio Grande do Sul em 2022.

“O relógio está na mesma embalagem, nunca foi usado nem retirado da caixa, estou de férias e no meu retorno farei a devolução, como determinou o TCU”, afirmou.

Já o ex-ministro Gilson Machado afirmou que o Conselho de Ética da Presidência, na época, não pediu a devolução. Ele também disse que não foi notificado pelo TCU sobre a nova orientação.

O ex-secretário Caio Megale já havia informado à imprensa que devolveria o relógio após decisão do TCU, mas não respondeu à coluna se a entrega já foi feita. Os demais citados também não responderam. O espaço segue aberto.

Metrópoles