Na versão ucraniana, Lula é “ingênuo”
Foto: Sergey Bobok/AFP
As recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia causaram mal-estar dentro da comunidade ucraniana no Brasil. Lula afirmou neste domingo, 16, que o país ucraniano também é responsável pelo conflito iniciado em fevereiro de 2022, quando tropas russas invadiram o território da nação vizinha. Nos últimos meses, o petista já havia dito que a Rússia estava errada em invadir a Ucrânia, e negou enviar munições àquele país sob a justificativa de que o Brasil era “um país de paz.”
Em resposta, a entidade ucraniana divulgou um comunicado neste domingo, 16, em que manifesta preocupação com a visita de Sergey Lavrov, Ministro das Relações Exteriores da Rússia, ao Brasil, e pede que o governo brasileiro “não traia” as esperanças dos brasileiros descendentes de ucranianos que moram no País. “Mais de 600 mil brasileiros são descendentes de ucranianos e esperam que o Brasil não traia as suas esperanças”, cita o texto.
“Essa visita se dá em contexto em que o ministro Sergey Lavrov representa um país agressor de outro país soberano, violando o art. 2. da Carta das Nações Unidas”, diz o texto. “O Brasil e seu governo defendem a democracia, a pluralidade partidária, a liberdade religiosa, a liberdade de organização e manifestação e tem o dever de defender esses valores universais para sua aplicação não só no Brasil, como também na Rússia.”
Ao Estadão, o presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, Vitório Sorotiuk, reiterou que é possível deduzir, a partir da fala de Lula, que há um desconhecimento geral no Brasil sobre as relações históricas entre Rússia e Ucrânia. Segundo ele, é contraditório que Lula expresse esse posicionamento ao mesmo tempo em que já se colocou contrário à invasão russa à Ucrânia, e comenta que o discurso do petista pode trazer dificuldades para ele na busca pela formação do chamado “clube da paz”.
A entidade ucraniana congrega as associações e sociedades civis e religiosas, no qual representam cerca de 600.000 descendentes de ucranianos brasileiros. Trata-se de um entidade civil que defende os interesses de cidadãos de origem ucraniana e visa manter o patrimônio físico, cultural e social da comunidade.