PT decide cumprir acordo de Lula a apoiar Boulos em SP

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Foto: Edilson Dantas / O Globo

Principal foco de resistência dentro do PT a uma candidatura liderada pelo Psol na capital paulista, o dirigente Jilmar Tatto diz que o deputado Guilherme Boulos (Psol) ainda precisa comprovar sua viabilidade eleitoral para receber o apoio de petistas na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2024. O dirigente, no entanto, afirma que a aliança com Boulos deve ser concretizada. “Vamos cumprir o acordo, fazer o quê?!”

A negociação para o PT apoiar o candidato do Psol foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda durante a pré-campanha presidencial de 2022. Lula lançou Boulos à prefeitura paulistana há mais de um ano, em março do ano passado, depois que o então candidato ao governo de São Paulo pelo Psol retirou-se da disputa para apoiar o petista Fernando Haddad. Na chapa costurada com Boulos, o PT deve ficar com a vice. Se a aliança for confirmada, será a primeira vez que a sigla não terá candidato na cidade. O PT comandou a capital por três vezes.

Parte do PT, liderada por Tatto, questiona o acordo. O dirigente já propôs que Boulos migre para o PT, mas a ideia é negada pelo deputado do Psol. Na cúpula nacional do partido, a aliança com Boulos é tida como irreversível, mas a avaliação é que o “fogo amigo” de parte da legenda pode atrapalhar o pré-candidato. Tatto nega qualquer tipo de ação contra o deputado. “Eu não vou atrapalhar, mas ele tem que se viabilizar. Depende mais dele e do Psol do que do PT”, afirma o dirigente.

Na eleição de 2020, Tatto não quis fazer aliança com Boulos no primeiro turno e concorreu à prefeitura paulistana. Terminou em sexto lugar, com o pior desempenho eleitoral do PT na cidade. Boulos ficou em segundo lugar.

O dirigente diz que “é preocupante” o partido não ter candidatos em cidades estratégicas como São Paulo, com 9,3 milhões de eleitores, e que isso pode prejudicar a legenda no futuro. “Tem que se fortalecer em 2024 para disputar em 2026. Uma coisa está amarrada na outra.” Tatto pondera que o PT ainda está fazendo o levantamento de possíveis candidatos nas capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores para ver onde terá nomes próprios e em quais apoiará candidatos da federação (PV e PCdoB) e dos aliados que ajudaram a eleger Lula. “Temos que fazer uma redução de danos.”

O presidente estadual do PT de São Paulo, deputado Kiko Celeguim, reitera o apoio a pré-candidato do Psol. “Hoje o candidato posto e mais viável eleitoralmente é Guilherme Boulos”, diz.

“Nossa tática eleitoral é adotar o que deu certo em 2020 e fazer a política de coalizão”, afirma. “2024 vai ser o segundo tempo da eleição de 2022. Vamos fazer um esforço para manter a frente ampla. Em algumas situações, o PT vai liderar. Em outras, o PSB, Psol ou PCdoB. Nossa prioridade é reproduzir essa aliança, não só pela eleição municipal, mas também para manter a base no Congresso”, reforça Celeguim.

Na capital, no entanto, o dirigente vê dificuldade em conseguir um acordo com o PSB, que pretende lançar a deputada federal Tabata Amaral. “A construção da candidatura da Tabata segue uma linha mais individualista do que de composição de uma frente”, avalia.

O dirigente observa que a prioridade em São Paulo deve ser conter o avanço do bolsonarismo no Estado, que é comandado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Celeguim diz que, apesar de o PT não ter candidato na capital, o partido deve lançar petistas para concorrer em grandes cidades como Guarulhos e Campinas, os dois maiores municípios depois da capital. Em Diadema e Mauá, na região metropolitana, deve incentivar a reeleição dos prefeitos petistas. No interior, tende a buscar pontes com o PSDB, sobretudo com tucanos ligados ao ex-governador e vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), para conter o bolsonarismo.

Valor Econômico