Quase 60% ligam Bolsonaro a 8 de janeiro
Foto: Marcelo Camargo – 8.jan.2023/Agência Brasil
Principal fato político do ano até aqui, o ataque golpista às sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro teve algum grau de responsabilidade de Jair Bolsonaro (PL) para 58% dos eleitores brasileiros. Desses, 32% veem muita culpa do ex-presidente, e 26%, um pouco.
Segundo pesquisa do Datafolha, outros 39% não veem nenhuma responsabilidade do político pelos atos que estimulou, e 3% não souberam responder. O instituto entrevistou 2.028 eleitores em 126 cidades nos dias 29 e 30 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.
O ato em Brasília foi empreendido por apoiadores de Bolsonaro que negavam sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reunidos em um acampamento em frente ao Comando do Exército e reforçados por caravanas vindas de outros estados. O ex-presidente estava em seu exílio voluntário na Flórida, do qual voltou na semana passada.
O episódio resultou na maior prisão coletiva já realizada na história brasileira, com 1.406 detidos. Hoje, 294 dessas pessoas ainda estão presas por determinação do Supremo Tribunal Federal, que conduz o caso.
A percepção de que Bolsonaro tem muita responsabilidade, contudo, tem caído aos poucos. Em janeiro, logo depois da crise, o Datafolha fez o mesmo questionamento e aferiu 38% o culpando bastante pelo episódio e 17%, vendo um pouco de culpa. Os que o isentavam eram os mesmos 39%.
O caso ficou conhecido como o Capitólio brasileiro, por reproduzir condições a invasão do Congresso americano por apoiadores de Donald Trump inconformados com a validação da vitória do hoje presidente Joe Biden sobre o rival, em 6 de janeiro de 2021. O ex-presidente dos EUA é o ídolo político de Bolsonaro.
Na análise por estratos socioeconômicos, uma curiosidade surge na pesquisa. Uma faixa em que o ex-presidente sempre teve bastante apoio, a dos mais ricos, se divide.
Entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos, o índice de quem vê muita responsabilidade de Bolsonaro no 8/1 é o menor aferido, 26%. Mas logo na faixa seguinte, a dos que ganham mais de 10 salários, a situação é inversa: com 40%, é o grupo que mais culpa Bolsonaro pelo ato golpista.
Já nas outras divisões clássicas de bolsonaristas e petistas, há uma homogeneidade no critério regional, com uma ligeira culpabilização maior de Bolsonaro no Nordeste, fortaleza lulista, e uma mais acentuada visão em favor do ex-presidente entre os evangélicos, um de seus esteios.