Vem aí o plano de Lula para a classe média
Foto: Marcos Serra Lima/g1
Depois de relançar programas sociais voltados aos mais pobres nos primeiros cem dias de governo, marca alcançada hoje, o presidente Luiz Inácio Lula Silva agora prepara uma série de medidas que miram na classe média. As iniciativas vão de regras para baixar as taxas de juros do cartão de crédito a condições especiais para empréstimos bancários. A ofensiva tem dois objetivos: reaquecer a economia, aumentando o poder de compra, e atrair um estrato da sociedade que historicamente registra rejeição alta ao PT. Principal promessa eleitoral para quem ganha mais de dois salários mínimos, contudo, o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda não deve sair do papel tão cedo.
A decisão de Lula em focar suas próximas ações neste grupo é baseada na análise de ao menos sete pesquisas de opinião sobre o desempenho do governo divulgadas desde o início do ano. O Palácio do Planalto avalia que há a necessidade de priorizar medidas que representem algum nível de melhora de vida para a classe média, setor que não foi contemplado pelos programas relançados até aqui, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e Mais Médicos.
Os petistas reconhecem que esse público tem mais resistência ao presidente. Avaliam, no entanto, ver espaço para atrair a parcela que votou em Lula por ter rejeição maior ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Pesquisa Datafolha divulgada no fim de março dá pistas sobre o quanto o petista precisará percorrer para alcançar a simpatia desse estrato: 36% dos que ganham de dois a cinco salários mínimos reprovam o presidente, índice que é de 47% na população com renda familiar mensal de cinco a dez salários — na média geral, a taxa dos que avaliam a gestão como ruim ou péssima é de 29%.
— A estratégia dos primeiros cem dias foi colocar de pé programas que já existiam e tinham um público-alvo preferencial. A partir de agora, queremos dialogar com um público mais amplo — disse ao GLOBO o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta.
Facilitar o acesso ao crédito é visto como essencial. Em café da manhã com jornalistas na quinta-feira, o presidente anunciou que cuidará do assunto quando voltar da viagem à China e aos Emirados Árabes, no dia 16. O petista quer que os bancos públicos ofereçam empréstimos a taxas de juros mais baixas — ele citou ainda a criação de linhas de crédito para pequenas e médias empresas.
O GLOBO apurou que no Ministério da Fazenda há também estudos para uma proposta que tenha como objetivo reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito, com a intenção de dar um alívio para essa faixa da população que teve sua renda reduzida nos últimos anos. A taxa atual está em 417,35% ao ano, a maior desde 2017.