“Bolsonaro” da Turquia pode não se reeleger
Foto: Jeff J Mitchell/Burak Kara/Getty Images
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o líder da oposição, Kemal Kiliçdaroglu, participarão do segundo turno das eleições presidenciais do país. Os cidadãos turcos votaram neste domingo (14/5) e garantiram vagas aos adversários na próxima fase do pleito, marcada para 28 de maio.
Erdogan liderou a disputa durante toda a contagem de votos desse primeiro turno, mas ainda assim não conquistou votos suficientes para vencer no primeiro turno. Com cerca de 99% das urnas abertas, o atual presidente turco recebeu 49,4% dos votos, segundo o chefe do conselho eleitoral do país. Kiliçdaroglu teve 44,96% dos votos.
Há mais de duas décadas no poder, Erdogan tem a hegemonia ameaçada por Kiliçdaroglu, do Partido Republicano do Povo (CHP), mas lidera aliança de seis legendas na tentativa de derrotar o atual mandatário.
A parcela do eleitorado – cerca de 5,2% dos votos – que optou pelo terceiro colocado, Sinan Ogan, será disputada na próxima fase do pleito. Quarto postulante, Muharrem Ince alcançou menos de 1%.
Erdogan assumiu a liderança do país em 2003, inicialmente como primeiro-ministro. Em 2017, conduziu a troca do regime de parlamentarismo para o presidencialismo, após sair vitorioso de um golpe de Estado ocorrido em 2016. Desde então, venceu todas as eleições presidenciais.
Em duas décadas, o líder turco modelou o aparato estatal em torno de si ao concentrar poderes como presidente e abolir a figura do primeiro-ministro. O chefe de Estado também prendeu opositores e instaurou uma campanha de intimidação à mídia.
Erdogan aprovou ainda medidas que enfraqueceram a autonomia do Judiciário e do Banco Central. No Parlamento, bloqueou projetos da oposição e levou adiante somente a própria agenda.
As eleições são acompanhadas com atenção especial na Europa e nos Estados Unidos (EUA), em razão do poder político e militar da Turquia.
O país tem o segundo maior exército da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), além de posição estratégica em relação a países do Leste Europeu, como a Rússia e a Ucrânia, e demais nações do Oriente Médio.
A Turquia elege um novo presidente a cada cinco anos, que é responsável pela nomeação e destituição de ministros e funcionários do alto escalão. Neste domingo, mais de 64 milhões de pessoas votaram.