Brasil condena invasão russa mas não quer isolar a Rússia

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Foto: Pedro França/Agência Senado

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (11) que o Brasil condena o que chamou de “violação” do território da Ucrânia pela Rússia, mas é contra o “isolamento” dos russos no cenário internacional.

O chanceler deu as declarações durante audiência na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado.

“Com relação ao conflito em curso na Ucrânia, temos buscado manter uma posição equilibrada, mas sobretudo construtiva. Condenamos a violação da integridade territorial ucraniana no Conselho de Segurança da ONU, assim como na Assembleia Geral das Nações Unidas. Ao mesmo tempo, nos posicionamos contra as tentativas de isolamento da Rússia nos foros internacionais, as quais diminuem o espaço de diálogo e reduzem as chances de uma solução negociada do conflito”.”, afirmou Mauro Vieira.

O ministro afirmou acreditar que o Brasil “tem credenciais” para auxiliar na busca por soluções para o conflito no leste europeu, que “diz respeito à toda a comunidade internacional”.

“Creio que o elemento de novidade tem sido a posição ativa que o presidente Lula passou a exercer, junto a seus múltiplos interlocutores, no sentido de buscar contribuir para uma solução negociada para o conflito e estabelecimento da paz”, afirmou o ministro.

“Não estamos interessados em tomar lados, mas em preservar canais de diálogo com todos, única maneira de contribuir efetivamente para a construção de espaços de negociação que conduzam a paz efetiva sustentável”, concluiu.
Zelensky
Nesta quarta-feira (10), o assessor especial da Presidência do Brasil, ex-chanceler Celso Amorim, teve uma reunião com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Kiev.

Nesta quinta, o presidente ucraniano comentou sobre o encontro em uma rede social. Zelensky disse ter enfatizado ao assessor brasileiro que o único plano de paz possível para terminar a guerra no leste europeu é o da Ucrânia.

O presidente do país europeu disse ainda que espera manter o diálogo com o presidente Lula e que espera recepcioná-lo na Ucrânia.

Lula tem defendido que um grupo de países, incluindo o Brasil, lidere uma saída negociada para o fim da guerra, que já dura mais de um ano. O petista também já disse que não vai visitar nem a Rússia, nem a Ucrânia enquanto não houver um cessar-fogo.

Na audiência no Senado, Mauro Vieira também defendeu uma reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que contemple as transformações geopolíticas ocorridas desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

“Não é possível que 78 anos depois da sua, da criação da organização que ainda continuemos com as regras de 1945. O mundo já não é mais o mesmo, como eu disse, há 193 países na África, na época da criação havia pouquíssimos países, todo resto estava ainda no período colonial”, destacou o ministro.

“Não é possível que no centro de decisão mundial sobre paz e segurança não estejam presentes, no órgão que decide, os grandes países em desenvolvimento como o Brasil, sem dúvida, como a Índia, como a Indonésia, como os países da África, sobretudo. A África é um continente com 54 países, não ter um representante, não é possível”, acrescentou Mauro Vieira.

G1