Brasil tem maior taxa de juros do mundo
Foto: Getty Images
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano.
Este é o maior patamar da taxa básica de juros desde janeiro de 2017, onde a Selic está estacionada desde agosto. O Banco Central afirma que a inflação no país ainda segue alta, sendo que as projeções futuras seguem desancoradas.
Com isso, o Brasil segue na liderança dos países com o maior juro real do mundo, na faixa de 6,9% ao ano, segundo levantamento elaborado pela gestora Infinity Asset. Em seguida, vem o México, com a taxa em 6,05%, e o Chile, em 4,92%.
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Para chegar ao número do juro real, é preciso descontar do juro nominal (a Selic) o Índice de Preços Ao Consumidor Amplo (IPCA) prevista para os próximos 12 meses. Esse juro é o que representa a rentabilidade real de um investimento, uma vez que já considera o que foi perdido para a inflação.
Nem sempre o Brasil esteve no topo do ranking de juro real. Em meados de 2018, por exemplo, esse valor girava em torno de 2%, já que a inflação estava em 3,75% e a Selic em 6,5%.
Dependendo do lado que se olha, ter um juro real alto pode ser bom ou ruim. Por um lado, o país pode ter um maior fluxo de dólar porque o sonho dos investidores é rentabilidade alta e tendem a se aventurar em países com um juro real robusto.
Dólar entrando significa câmbio caindo. Essa queda não é boa apenas para que está pensando em viajar. O Brasil é um país que importa produtos manufaturados e algumas matérias-primas, por isso, quando o câmbio está alto, o custo de produção industrial e itens já prontos sobem.
Essa elevação afeta a inflação, que sobe junto. Agora, quando a moeda americana cai, a tendência é que os preços caiam juntos, aliviando o IPCA.
No entanto, essa atração de capital estrangeiro pode ser impactado pelos juros americanos. Na semana passada, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) elevou a meta da taxa de juros de referência do Federal Reserve em 0,25 ponto percentual, nesta quarta-feira (03).
A taxa agora se encontra no intervalo entre 5% e 5,25% após a segunda reunião do Fed em 2023. Com isso, os investidores tendem a migrar os seus investimentos para o EUA. Afinal, a rentabilidade é em dólar.
Por outro lado, o juro real tem um efeito de desaceleração da economia, assim como a Selic. Isso porque quando os juros sobem, o empréstimo fica mais caro e isso se resulta em uma queda no consumo das famílias e redução dos investimentos por parte das empresas.
Essa é uma das maiores preocupação dos presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem pressionando para o Banco Central reduzir a Selic. No final de março, entrevista ao site Brasil 247, Lula deixou isso bem claro. “Ninguém consegue tomar dinheiro emprestado a 13,75%, a um juro real de 8% se você descontar a inflação”, afirmou.