Candidatos a prefeito de SP se enfrentarão em CPI
Foto: Câmara dos Deputados
A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra deve antecipar em mais de um ano entre Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Salles (PL) pela Prefeitura de São Paulo. A CPI do MST na Câmara dos Deputados é a principal aposta da oposição para desgastar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e deve ser instaurada na segunda quinzena deste mês.
Até o momento, as conversas com Arthur Lira (PP-AL) preveem Ricardo Salles ou na presidência ou na relatoria da CPI do MST. O outro nome cotado é o Coronel Zucco (Republicanos-RS), também bolsonarista, autor do requerimento para instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito. O colegiado só deve ser instaurado quando o presidente da Câmara retornar de viagem.
Ricardo Salles é ex-ministro do meio-ambiente do governo Jair Bolsonaro (PL). Com o apoio do então presidente, ele foi eleito deputado federal em 2022 com a quarta maior votação do estado, recebendo 640 mil votos. Na capital paulista, ele foi o terceiro mais votado. Ainda em março, o ex-presidente defendeu a candidatura do aliado.
Oposicionistas ouvidos pelo Metrópoles indicam, porém, que a ligação com a gestão passada transforma o parlamentar em “vidraça”, abrindo espaço para governistas “desvirtuarem” o objeto da CPI do MST.
Enquanto isso, Guilherme Boulos é o principal nome ventilado pela base governista para integrar o colegiado. O deputado, mais votado tanto no estado de São Paulo com mais de 1 milhão de votos, tem formação política ligado ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). O grupo tem foco de atuação urbana, enquanto o MST tem atuação voltado à área rural.
Na capital Paulista, Boulos também foi o candidato a deputado federal mais votado, tornando-o o principal nome de esquerda cotado para disputar a prefeitura na eleição municipal de 2024. Dessa forma, diante esperado palanque de Salles na CPI do MST e da própria temática do colegiado, o pessolista é apontado como indicação natural da base governista para composição da Comissão.
Aliados se preocupam, porém, com possível antecipação do desgaste. De acordo com colegas do PSOL, é preciso esperar os cálculos e as indicações dos dois blocos majoritários da Câmara, para se entender o perfil do colegiado: se será mais de oposição ou mais governista. Isso depende das indicações de partidos como União Brasil, PP e Podemos, que possuem em suas bancadas tanto nomes alinhados a Lula quanto a Bolsonaro.
A oficialização de Salles como presidente ou relator só deve acontecer quando Arthur Lira retornar ao Brasil, na próxima quarta-feira (10/5). O presidente da Câmara está nos EUA, onde participa do Lide Brazil Investment Forum (Lide), em Nova York.
Já a indicação de Boulos depende do encaminhamento da reunião da bancada da federação PSOL-Rede, a ser realizada nesta semana. Os partidos avaliam se indicam outro parlamentar que ainda não teve papel de protagonismo na Câmara o deputado participar da CPI do MST quando for conveniente, usando a sua prerrogativa de liderança partidária.
Além de líder do PSOL-Rede, Boulos foi candidato à Presidência da República em 2018 e concorreu à Prefeitura de São Paulo em 2020. Na ocasião, ele foi derrotado pelo então prefeito Bruno Covas.
Enquanto isso, há também um pedido de CPI sobre atuação do MST na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O requerimento, do deputado estadual Paulo Balas (PL), chegou ao número mínimo de assinaturas e pode ser instaurada.
A bancada de esquerda vê a atuação em conjunto das CPIs, estadual e federal, como estratégia para reavivar “o fantasma das ocupações” antes da eleição pela Prefeitura de São Paulo.