Dallagnol surta e acusa Câmara e TSE sem provas
Foto: Brenno Carvalho
O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) negou que tenha se esquivado de ser notificado formalmente pela corregedoria da Câmara sobre a cassação de seu mandato, oficializada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última terça-feira. O ex-procurador federal também voltou a alegar que houve combinação de voto entre os magistrados, que, na versão do parlamentar, estariam de olho nas vagas que vão abrir no Supremo Tribunal Federal (STF). As declarações foram dadas em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira.
Ao falar sobre a cassação do mandato, o deputado defendeu que seu caso vem sendo tratado de forma diferente tanto no Judiciário quanto na Câmara. A corregedoria da Casa, responsável por analisar a destituição de parlamentares, tentou notificar Deltan pessoalmente sobre o processo três vezes. Após as investidas frustradas, o aviso foi publicado no Diário Oficial do Legislativo, seguindo o protocolo da Câmara.
Segundo o parlamentar informou ao jornal, teria havido um desencontro nas agendas do parlamentar e do corregedor da Câmara, o deputado federal Domingos Neto (PSD-CE). Na primeira tentativa, na quinta-feira passada, por exemplo, Deltan afirma que estava em reuniões com seu partido, o Podemos, e com seus advogados.
— Na segunda-feira, quando eu estava em reuniões partidárias em Curitiba, os servidores da corregedoria vieram realizar a terceira notificação. Algo que foge ao padrão da Casa, segundo informado pela própria servidora da corregedoria que veio aqui. E a questão que se coloca é: por que o meu caso está sendo tratado de um modo diferente, no Judiciário e aqui na Câmara dos Deputados? E a resposta todo mundo sabe qual é — disse o ex-procurador ao jornal.
O deputado federal também voltou a denunciar, sem apresentar provas, uma suposta combinação prévia de votos entre os magistrados do TSE, dado que o julgamento teria levado 66 segundos, ainda segundo ele. A sessão, porém, durou cerca de uma hora e 25 minutos — o tempo citado pelo parlamentar é referente somente ao momento em que o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, confirma a decisão unânime da corte.
— Uma decisão uniforme quando existe toda uma unanimidade em contrário, em 66 segundos, faz com que a conclusão seja aquela para a qual apontou o ministro Marco Aurélio Mello: essa decisão foi combinada. Ela foi combinada e guiada por interesses — defendeu Deltan.
Ainda de acordo com Deltan, esse alinhamento teria sido movido, em parte, pelo interesse de integrante da Corte Eleitoral em ocupar uma cadeira no STF. Na sua avaliação à Folha de S. Paulo, firmar essa posição na votação seria uma forma de agradar o governo federal, muito crítico à Operação Lava-Jato, cuja força-tarefa ele comandou entre 2014 e 2020.