Deputado negro sofre revista “aleatória” pela PF
Foto: Rodrigo Fonseca/CMC
O deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) afirmou ter sido vítima de um episódio de racismo durante um voo da Azul, quando passava pelo Aeroporto de Foz do Iguaçu, oeste do Paraná, com destino a Londrina. Ele foi abordado pela Polícia Federal após ter embarcado na aeronave, pouco antes de decolar. O caso aconteceu na noite desta quarta-feira, 10 e foi publicado nas redes sociais do parlamentar às19h13.
Hoje estou voando para Londrina, e semana que vem para o Rio de Janeiro.
Espero que, ao contrário desse sorteio no Aeroporto de Foz do Iguaçu, eu não seja escolhido aleatoriamente de novo, kkkkk Mega-Sena que é bom nada, só sorteio ruim kkkk
Tamo junto família, o lar do… pic.twitter.com/GnPGoYhUsG
— Renato Freitas (@Renatoafjr) May 10, 2023
No começo do vídeo, Freitas se dirige à entrada da aeronave, onde um agente da Polícia Federal pede que ele se identifique e explica que foi escolhido para a abordagem de forma aleatória. O deputado, ex-vereador em Curitiba, é um homem negro.
Em seguida, um funcionário da Azul vasculha a mochila de Freitas, retirando os seus pertences, e faz uma revista pessoal no parlamentar. Ao final, o agente da PF encerra a abordagem e devolve um objeto ao deputado, que retorna para as cadeiras.
“Bando de racistas ignorantes”, diz Freitas. Uma passageira perguntou a ele se “está tudo bem” e ele rebateu: “Tirando o fato de ser humilhado. Quantas pessoas desse voo saíram escoltados pela PF para serem revistados?”
A reportagem entrou em contato com a Azul, que disse que não comentará o caso. Procurada, a Polícia Federal não retornou aos questionamentos do Estadão.
Freitas foi candidato a deputado estadual no ano passado após ter seu mandato como vereador de Curitiba cassado em agosto. O mandato foi restabelecido no mês seguinte por decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Freitas enfrentou processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara sob acusação de quebra de decoro por realizar um protesto na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, na capital paranaense. A manifestação foi contra o assassinato do imigrante congolês Moïse Kabagambe, espancado por um grupo de homens num quiosque do Rio.