Facebook cai em pegadinha de ONG anti-fake news
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O Facebook aceitou a publicação de anúncios com notícias falsas sobre ataques em escolas, Covid-19 e até de conteúdo religioso, como uma fake news sobre um falso envolvimento do Dalai Lama em uma organização criminosa.
O teste foi promovido pela organização não-governamental Avaaz, defensora da aprovação do PL das Fake News, que submeteu ao sistema do Facebook uma série de anúncios para impulsionamento com conteúdo falso, em um perfil recém-criado. Eles receberam aprovação do Facebook, mesmo com informações falsas. Os anúncios não chegaram a ser veiculados pela Avaaz, mas, a depender da plataforma, teriam sido.
As notícias falsas cujos anúncios foram aprovados pela rede social eram montagens imitando sites de notícias reais.
Procurado, o Facebook afirmou que não teve acesso ao relatório do Avaaz e que, por isso, não conhece detalhes, mas que, pelo fato de não terem sido veiculados, os anúncios não passaram por todos os sistemas de integridade que a empresa tem em funcionamento.
“Se tivessem sido veiculados, por exemplo, os anúncios citados pela reportagem estariam sujeitos à verificação do conteúdo por nossos parceiros de checagem de fatos. Quando um de nossos parceiros independentes de checagem de fatos marca um conteúdo como falso, nós rejeitamos o anúncio”, diz a empresa.
Os possíveis conteúdos falsos podem ser detectados por denúncia de usuário, similaridade com outros temas já checados ou captados pelo sistema de inteligência artificial, que monitora e levanta a bandeira para que os checadores avaliem se a postagem traz ou não informação falsa. Tudo disso, porém, ocorre apenas após o conteúdo ser distribuído e a desinformação ser espalhada.
Sobre ataques em escolas, foram aprovados anúncios disseminando mentiras que escolas teriam encerrado suas atividades após ataques, que jovens foram presos “após praticarem tortura a professor inspirados por ataques”, além de uma notícia falsa de que a polícia desmantelou “esquema de ataques a escolas programados para o próximo dia 28, em todo o Brasil”.
O Facebook também aprovou um anúncio de que o Dalai Lama estaria envolvido em “rede global de crimes humanitários”.
“A motivação foi mostrar justamente que, no auge do debate da regulação das plataformas, o Facebook falha novamente ao permitir que conteúdo falso simples sobre assuntos delicados seja impulsionado”, explicou Laura Moraes, diretora de campanhas do Avaaz, responsável pela ação.
“Eles ganham dinheiro com notícias falsas e conteúdo tóxico. Por isso é urgente debater a regulação. Eles não estão fazendo o mínimo”, afirmou sobre o projeto de lei das Fake News, que teve a urgência aprovada na Câmara dos Deputados. O objetivo da proposta é coibir a disseminação de conteúdo falso na internet, obrigando as empresas a fazer moderação.