Lira expulsou Renan e Braga da CPI do golpe

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Foi após um telefonema entre lideranças do PT na Câmara e no Senado que os senadores emedebistas Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM) decidiram não integrar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro. Os dois senadores estavam no viva-voz quando o líderes petistas conversavam sobre a CPMI que deverá começar seus trabalhos nesta quinta-feira, 25. O líder na Câmara revelou ao colega petista do Senado os nomes dos deputados da frente integrada por PT, PCdoB e PV que seriam indicados para compor a comissão. Os emedebistas ouviram e estranharam a ausência do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), e foram informados de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não concordou que ele participasse da comissão, assim como também não queria o senador Renan Calheiros, seu adversário na política alagoana.

Lira argumentou que a presença dos dois “acirraria os ânimos” na CPMI e impediria que ele obtivesse acordos em favor do próprio governo. De posse dessa informação, os dois caciques do MDB resolveram refazer as contas sobre a composição da CPMI, não mais sob a ótica de quantos seriam os integrantes ligados ao Palácio do Planalto ou à oposição. Detiveram-se sobre o domínio de Arthur Lira na comissão. Concluíram então que as indicações da frente PT-PCdoB-PV da Câmara deveriam ser somadas ao grupo sob domínio do presidente da Casa, assim como os nomes do blocão que ele criou na Câmara em contraposição ao bloco liderado pelo Republicanos e pelo MDB. O blocão reúne União Brasil, PP, PSB, PDT, solidariedade, Avante, Patriota e a federação PSDB-Cidadania. Os dois senadores emedebistas também haviam sido informados pelo cacique do União Brasil no Senado Davi Alcolumbre (AP) que ele também indicaria para a CPMI nomes ligados ao presidente da Câmara, e que votará para que o deputado Arthur Maia (União), do grupo de Lira, assuma como presidente da comissão. Os senadores do MDB pediram então um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para saber a estratégia do Palácio do Planalto na CPMI. Ouviram do presidente que ele não foi comunicado a respeito do domínio de Lira sobre a comissão. Lula afirmou que o governo teria dificuldades em desfazer as indicações dos partidos. O máximo que o presidente poderá fazer é trabalhar para que, juntando os aliados de Lira e os do Planalto, o governo possa partilhar dessa a maioria de votos, Na avaliação dos emedebistas será uma maioria incerta do Planalto, já que Arthur Lira é que terá o domínio sobre boa parte dos governistas. “Essas comissões parlamentares, todas, estão se transformando em mais um instrumento de chantagem de Arthur Lira sobre o governo”, disse Renan numa reunião com senadores do partido, quando ele e Braga anunciaram a desistência de integrar a comissão. O Planalto não compartilha dessa opinião. Lula acha que tem como contornar o domínio de Arthur Lira. Pediu aos líderes do governo que ajudassem na escolha dos dois senadores emedebistas que substituirão Renan e Braga na comissão. Foram escolhidos, então, os senadores Marcelo Castro (PI) e o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego (PB).

Uol