Ruralistas querem mandar no governo Lula
Foto: Câmara dos Deputados
A ida de sete ministros do primeiro escalão do governo de Lula (PT) à 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), irritou membros da bancada ruralista da Câmara dos Deputados. O vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) na Câmara, Evair de Melo (PP-ES), usou as redes sociais para falar em rompimento com o presidente.
“Ao frequentar eventos e tirar fotos com líderes do movimento terrorista, MST, os membros do Governo Lula deixam bem claro de que lado estão. E não é ao lado dos produtores rurais e donos de propriedades privadas. É do lado do caos e das invasões de terra, que vêm aterrorizando todo o Brasil. Não tem mais diálogo! O governo arrancou a ponte com o agro”, disse.
Em outra publicação na manhã desta segunda-feira, Evair de Melo afirmou ainda que “enquanto os representantes de Lula estão lá confraternizando com os invasores”, o agronegócio estaria “réfem do terrorismo do MST”.
O movimento de aproximação do governo federal com o movimento social ocorre em meio à articulação da CPI do MST, encabeçada em grande parte pela bancada ruralista e que busca investigar as invasões do Abril Vermelho.
A comissão é vista com preocupação pelo governo dado o seu potencial de virar um palanque para a oposição. Como mostrou o GLOBO, os partidos já indicaram 13 dos 27 titulares para a CPI, todos com atuação contrária ao Planalto e alinhados à bancada ruralista. Muitos, inclusive, já criticaram publicamente o MST.
Alckmin, que lidera a pasta de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços,e os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Márcio França (Portos e Aeroportos), Gabriel Galípolo (interino da Fazenda), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e Luiz Marinho (Trabalho e Emprego). Embora tenha sido convidado, o presidente Lula não participou, pois estava cumprindo agenda no Ceará.
O petista Paulo Teixeira ironizou a criação da CPI do MST e disse que os deputados vão encontrar “coisas gravíssimas” nela, como suco de uva produzido sem trabalho escravo.
— Vão encontrar coisas gravíssimas. Suco de uva feito sem trabalho escravo, arroz integral, milho, soja não transgênica — afirmou o ministro pouco antes de subir ao palco.
Já Paulo Pimenta, chefe da Secom, disse que a CPI vai ser um “tiro no pé” da oposição.
— A CPI vai ser uma grande oportunidade de o Brasil conhecer o MST. O MST vai sair dessa CPI mais respeitado, tendo mais visibilidade e sendo mais admirado —afirmou Pimenta.