Secretário-geral da ONU vê difícil fim da guerra russo-ucraniana
Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que não consegue enxergar uma possibilidade imediata de alcançar um cessar-fogo abrangente na Ucrânia. Para o português, ambos os lados afastam esse tipo de negociação, já que estão convencidos de que podem vencer. Em entrevista ao jornal El País, Guterres, que está na Espanha para receber o Prêmio Europeu Carlos V, esclareceu que as atenções da ONU estão focadas nas negociações entre a Rússia e a Ucrânia para resolver problemas concretos, como a extensão do acordo de exportação de grãos, que deve expirar em 18 de maio. “Infelizmente, acredito que, nesta fase, uma negociação de paz não é possível”, disse. “No momento, não vejo nenhuma possibilidade de alcançar imediatamente – não estamos falando sobre o futuro – um cessar-fogo abrangente e uma negociação de paz”.
Quando questionado sobre esforços de mediação da China ou do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, Guterres desacreditou que a paz possa ser alcançada no momento, embora espere que “no futuro isso aconteça”. Ele ainda elogiou a posição de Pequim sobre a escalada nuclear ser “inaceitável”, descrevendo-a como “muito importante para evitar uma tentação que seria um absurdo intolerável”. Enquanto isso, novos ataques russos continuam a atingir o território ucraniano na data na qual é comemorado o Dia da Vitória, quando a Alemanha nazista foi derrotada em 1945. De acordo com autoridades ucranianas, as defesas aéreas do país destruíram 23 dos 25 mísseis disparados, principalmente na capital Kiev.
Este foi o quinto ataque russo no mês de maio e ocorreu depois que Moscou lançou um enxame de drones de combate, o maior em meses, atingindo Kiev e a cidade de Odesa, no Mar Negro, além de bombardear outras cidades. As forças ucranianas permanecem em posições defensivas enquanto planejam uma tão aguardada contra-ofensiva. Além disso, a tensão nuclear também aumentou desde a invasão, já que o presidente Vladimir Putin repetidamente alertou que Moscou está pronta para usar seu arsenal nuclear, se necessário, para defender sua “integridade territorial”.