Chefe da Secom diz que função é diminuir polarização
Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados (esquerda) / Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo (direita)
O ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, rebateu, em entrevista à GloboNews hoje (2), as críticas feitas pelo deputado federal André Janones (Avante-MG) sobre a comunicação do governo. Pimenta disse que o deputado foi importante para a eleição do presidente Lula (PT), mas que agora a comunicação do governo deve adotar uma postura menos incisiva. “Passada a eleição, quem ganha tem que governo para todos. O Lula é o presidente de todos os brasileiros e brasileiras. Para isso, não podemos ter uma comunicação que alimente esse ambiente, que foi um ambiente, de certa forma, que fez com o que o Brasil passasse a conviver com intolerância, ódio, violência”.
O ministro afirmou que não é essa a função da Secretaria de Comunicação. “Não esperem da Secom uma política de ‘lacração’. Não é essa a função da Secom. Muitas vezes as pessoas confundem com o trabalho nas redes de um parlamentar, partido político”. Paulo Pimenta ainda disse que os aliados do governo Lula talvez esperassem um novo “gabinete do ódio”. “Parte da nossa base talvez tenha imaginado que nós seríamos um gabinete do ódio ao contrário, mas não é esse o papel da Secom”. O deputado federal André Janones frequentemente faz críticas à comunicação do governo. Em entrevista à GloboNews na quarta-feira (31), disse que parte da dificuldade de negociação que o governo tem enfrentado no Congresso está relacionado à comunicação. Janones afirmou que o governo não consegue pautar as discussões. “Então, na minha opinião, a gente está sendo derrotado na disputa das narrativas. Ao perder a disputa de narrativas, o nosso poder de negociação se fragiliza”.
A discussão sobre a comunicação do governo acontece também em meio a críticas pela articulação política. Ontem (1º), o Senado aprovou, a poucas horas do fim do prazo, o texto da MP (Medida Provisória) que reestrutura os ministérios do governo Lula. O placar foi 51 votos favoráveis a 19 contra. O texto agora seguirá para a sanção presidencial. A MP foi aprovada na Câmara na quarta-feira (31), com 337 votos a favor e 125 contra, um dia antes do fim do prazo para apreciá-la. Articuladores do governo passaram o dia tentando negociar com os líderes partidários a análise da medida. O centrão criticava a articulação política do Planalto, além da demora nas nomeações de indicados em cargos estaduais e o pagamento de emendas parlamentares. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a dizer que a MP só foi aprovada após um apelo feito pelo presidente Lula a ele.