Com Lula, dólar para de subir

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Foto: Vanderlei Almeida/AFP/AFP

O dólar comercial tem apresentado uma trajetória de queda nos últimos meses, chegando a fechar abaixo de 5 reais em abril, algo que não acontecia há 10 meses. Desde então, a moeda tem oscilado, acumulando uma desvalorização de 6,22% no ano, entre janeiro e a última sexta-feira, 2. Esse movimento de queda pode ser explicado por uma combinação de fatores econômicos e políticos, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Por volta das 12h25 desta segunda-feira, a moeda era negociada a 4,91 reais, queda de 0.7%. Um dos principais motivos para o recuo é o novo arcabouço fiscal brasileiro. O projeto aguarda votação no Senado e sua iminente aprovação traz maior estabilidade para a moeda nacional, o real. “A nova âncora fiscal acabou produzindo um ambiente benigno para a divisa brasileira, já que parte do movimento de desvalorização da moeda brasileira foi provocado, desde o ano passado, pela desidratação do teto de gastos”, avalia a plataforma de transferências internacionais a Remessa Online. Outro fator que tem contribuído é a taxa de juros brasileira, que atualmente é a mais alta do mundo. Isso atrai investimentos estrangeiros para o país, tornando o dólar mais barato para aqueles que buscam investir no Brasil. Segundo o banco BMG, os investimentos estrangeiros em bolsa já somam mais de 50 bilhões de dólares neste ano. Embora haja expectativa de cortes na taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o Brasil ainda se manterá como o país com a taxa real de juros mais alta do mundo, o que deve continuar atraindo capitais estrangeiros nos próximos meses. Outro fator que influencia a queda do dólar é o comportamento recente da inflação. Embora os preços ainda estejam elevados para o consumidor brasileiro, os dados anualizados indicam um movimento de desinflação. O IPCA-15, que é a prévia da inflação, desacelerou para 0,51% em maio, ficando abaixo das projeções do mercado. No Boletim Focus, as projeções para a inflação estão em queda pela terceira semana consecutiva, com o mercado esperando uma inflação final de 5,69% “Essa queda na inflação garante retornos atrativos para os investidores, mesmo diante dos cortes esperados na taxa básica de juros, a Selic, que devem ocorrer de forma gradual. “Os números fortes de PIB divulgados na semana passada deixaram os investidores mais otimistas em relação ao crescimento econômico do Brasil. O Boletim Focus também trouxe uma queda da projeção de inflação no Brasil neste ano, mais uma notícia positiva para os investidores. Enquanto isso, nos EUA, tivemos um Payroll com dados mistos trazendo indefinições em relação aos próximos rumos do FED”, diz Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco. Além desses fatores econômicos, outros elementos como o aumento das commodities, a normalização da pandemia da Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia também desempenharam um papel importante na queda do dólar. Na avaliação do banco BMG, o aumento dos preços das commodities, como ferro, petróleo, gás natural e grãos, já vinha ocorrendo devido à retomada econômica após a pandemia, mas o aumento da demanda por esses produtos levou à elevação dos preços, o que por sua vez impulsionou a inflação. Para conter o avanço inflacionário, o Banco Central brasileiro aumentou a taxa de juros, a Selic. A guerra entre Rússia e Ucrânia teve impacto significativo no mercado internacional. Os dois países, importantes exportadores de commodities, fecharam suas fronteiras, o que resultou em preços ainda mais elevados desses insumos. “Quando os preços das commodities aumentam, mais dólares entram no Brasil, fortalecendo o real e contribuindo para a desvalorização do dólar”, avalia o BMG. A combinação da implementação do novo arcabouço fiscal no Brasil, a atratividade dos juros altos brasileiros para investidores estrangeiros e a estabilidade dos juros nos Estados Unidos estão entre os principais fatores que explicam a queda do dólar. Além disso, o aumento dos preços das commodities devido à retomada econômica e a guerra entre Rússia e Ucrânia contribuíram para a desvalorização da moeda americana. Essa conjuntura resultou em um ambiente favorável para o real brasileiro, fortalecendo-o em relação ao dólar.

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