Especialistas criticam duramente escolas militares

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Foto: Carta Capital

As professoras Catarina de Almeida Santos e Mariana Kalil participaram hoje do UOL Debate, que discutiu o fim do Pecim (Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares). As duas criticaram a militarização do ensino civil.

Catarina, que é professora de Educação da UNB (Universidade de Brasília), explicou que não há base legal no Brasil que permita a militarização da educação básica. “Eles [os estados] não deveriam permanecer com esse programa ou com essas escolas, assim como não deveriam permanecer com escolas militares, fora do Pecim”.

Mariana, professora da Escola Superior de Guerra, também criticou a militarização da educação básica, mas ponderou que os governadores têm “legitimidade” em manter as unidades, já que há demanda por esse tipo de ensino na população.

“A sociedade tem essa percepção de que os militares são ‘coringas’ da administração. Diante disso, é legítimo que estados tenham decidido manter o programa. Agora, se é desejável, é outra questão. Acredito que a sociedade precisa amadurecer e entender o lugar dos militares”, disse Mariana.

Durante o UOL Debate, a professora Mariana Kalil ainda avaliou que a militarização das escolas também não é positiva para os próprios militares.

“Não é bom para os militares também. Eles precisam estar treinados, adestrados, prontos para dissuadir e agir, de fato, em zona de conflito, operações de paz, etc. As Forças Armadas não servem para lidar com educação em ambiente estadual ou federal”.

Mariana ressaltou que o ambiente escolar deve ser um local de debate, reflexão, não de obediência. “É possível que um estudante chegue a falecer dentro de um treinamento porque o que é valorizado dentro da educação militar é a disciplina, esforço. Já na educação civil, é o questionamento”.

A professora Catarina de Almeida rebateu o argumento de que a militarização das escolas é necessária para garantir disciplina e respeito na sala de aula.

“O respeito não tem a ver com obedecer o que alguém mandou. Eu não mato uma pessoa por obediência, mas por respeito pela vida dessa pessoa. Não vou ter ações racistas, machistas, discriminatórias porque alguém vai me punir, mas o grande avanço é quando isso se dá porque respeitamos uns aos outros”, pontuou.

A professora da UNB defendeu que a escola seja um ambiente de debate e criticou iniciativas, como o projeto Escola Sem Partido. “As crianças não são soldados, e as escolas não são quartéis. […] Aqueles que criticam dizendo que as escolas doutrinam são os verdadeiros doutrinadores, porque querem uma doutrina para atender a interesses específicos”.

Uol