Lula quer Amazonas como “Centro de Desenvolvimento Verde”
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O presidente Lula (PT) disse que pretende “transformar a Amazônia num centro de desenvolvimento verde”, zerar o desmatamento no bioma e que não visa transformá-lo em um “santuário da humanidade”. A afirmação foi feita durante entrevista de imprensa em Bruxelas, nesta quarta-feira (19).
“A Amazônia é um território soberano do Brasil. No caso, com quase 4 milhões de quilômetros quadrados. O Brasil tem responsabilidade. O Brasil não quer transformar [a região] em um território da humanidade”, disse Lula.
A expectativa do petista é entrar definitivamente na economia verde e compartilhar a exploração científica da Amazônia com qualquer país do mundo que queria contribuir com os estudos.
“No Brasil, está ficando cada vez mais claro que não se precisa derrubar uma única árvore para plantar mais soja, plantar mais milho, criar mais gado. Nós temos mais de 30 milhões de hectares de terra degradada que pode ser recuperada”, disse Lula em coletiva.
O presidente destacou ainda que pretende apresentar em agosto uma proposta de transição energética e ecológica para o Brasil. Ele não deu detalhes sobre como deve ser o projeto.
Lula viajou para a Bélgica para participar da 3ª reunião da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia.
Outro assunto comentado pelo presidente é o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, que está em negociação há mais de 20 anos (entenda o pacto abaixo).
O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia teve a parte comercial do texto concluída em 2019, porém as regras ainda não entraram em vigor porque não foram aprovadas pelos países dos dois blocos.
Lula disse que a aprovação do tratado irá permitir a reindustrialização do Brasil, gerar empregos mais qualificados, mas que não abrirá mão da cláusula para compras governamentais.
Recentemente, o bloco europeu enviou uma carta adicional ao Mercosul, que foi criticada por Lula.
Um dos pontos faz referência a lei aprovada pelo Conselho Europeu que proíbe importação de produtos de áreas desmatadas depois de 2020 e prevê multas.
Outro ponto em discussão no texto permite que empresas europeias disputem licitações abertas pelo setor público em condições de igualdade com as empresas brasileiras, com exceções para determinados produtos.
Na visão de Lula, essa previsão poderá prejudicar o médio e o pequeno empresário brasileiro. Com isso, o presidente disse que não deve aceitar essa exigência.
Segundo o presidente, a resposta à carta adicional da União Europeia envolvendo o acordo deve ser enviada entre duas e três semanas. Na semana passada, Lula deu sinal verde para o envio da contraproposta.
O petista disse que a carta enviada pela Europa, com exigências relacionadas a questões ambientais, é “agressiva”.
“Dois parceiros estratégicos não discutem com ameaças, mas com propostas. Foi isso que dissemos à União Europeia sobre o acordo com o Mercosul”, afirmou.