Vamos esperar matarem ministros do STF?

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Eduardo Guimarães

O ministro do STF Luís Roberto Barroso foi vaiado por estudantes de esquerda em um Congresso da UNE no dia 12 e respondeu citando o bolsonarismo, a luta contra a ditadura militar e a defesa da democracia.

“Nós derrotamos o bolsonarismo”, disse Barroso após a vaia, com o intuito de lembrar que o Brasil só se livrou do golpe graças ao combate que os tribunais superiores travaram contra Bolsonaro. Combate, aliás, que viabilizou a vitória de Lula.

Da esquerda à direita, da mídia até “especialistas”, todos atacaram fala de Barroso que, na pior das hipóteses, é mais do que verdadeira. E que, além disso, é 100% impermeável a críticas sobre um pseudo partidarismo do ministro, porque derrotar o bolsonarismo é derrotar uma horda de fanáticos nazifascistas que queria impor uma ditadura militar ao Brasil.

Contudo, a vaia e o que ela desencadeou encorajou deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro a pedirem o impeachment do magistrado. Foi um verdadeiro presente para a mesma extrema-direita que quase acabou com a UNE e a Educação no país, nomeando uma horda de ministros da área em míseros 4 anos.

O que o Brasil ganhou com aquela vaia? Se estivermos falando da metade do país que apoia a democracia, não ganhou nada e ainda perdeu ao dar ao bolsonarismo o que precisava para se vitimizar. E, de quebra, ainda abalou mais a imagem do mesmo STF que é, “apenas”, o que nos separa das trevas.

Após Barroso, foi a vez de Alexandre de Moraes virar alvo do ‘militontismo’ — agora, por parte da mesma mídia que Bolsonaro prometeu exterminar.

Nesta semana, o ministro e sua família foram alvo de agressão de uma família bolsonarista no aeroporto de Roma. Eis que, ontem, a mídia veio em socorro incompreensível dos agressores ao espalhar que haveria “excesso” do STF ao determinar operação de busca e apreensão dos autores da agressão.

A Folha de São Paulo, por exemplo, publicou reportagem dando ‘leite’ para o bolsonarismo, dizendo que “Busca da PF contra suspeitos de hostilizar Moraes é alvo de questionamentos” por ter sido “desproporcional”.

Por fim, o próprio Poder Judiciário tem sido leniente com ataques aos ministros do Supremo — inclusive, o próprio Supremo. Tem havido excesso de tolerância com crimes contra a honra e até contra o direito de ir e vir dos ministros do Tribunal.

Ataques aos ministros do STF são cada vez mais frequentes, ferozes e estimulam que um “lobo solitário” aja como aquele que matou um petista em sua festa de aniversário no ano passado.

Fazer uma operação de busca e apreensão para verificar as ligações dessa família fascista com a tentativa de golpe no Brasil em 8 de janeiro, por exemplo, era imperativa. E, na falta dessas ligações, segue imperativa para dissuadir novas agressões.

Direita, esquerda, mídia e o próprio Judiciário estão assumindo o risco de instigarem a ferocidade animalesca do bolsonarismo até que os animais selvagens — do tipo que Lula citou — decidam que vale a pena correr o risco de matarem um ministro incitando o tal “lobo solitário”.

A democracia brasileira segue na UTI. O bolsonarismo mantém suas tropas prontas para a guerra, contando com um contingente tão grande quanto sempre foi desde que junho de 2013 pôs o fascismo na rua.

Redação