Bolsonaro tira diplomatas e funcionários de embaixada em Caracas
Foto: MARCELO GARCIA / AFP
O governo brasileiro informou nesta quinta-feira em portarias publicadas no Diário Oficial a remoção de quatro diplomatas e 11 funcionários brasileiros de sua embaixada em Caracas, dos consulados em Caracas e Ciudad Guayana e do vice-consulado em Santa Elena do Uairén, cidade próxima à fronteira com Roraima. O processo de retirada total, informaram fontes, ainda pode demorar em torno de dois meses, mas os diplomatas e demais representantes do Brasil em Caracas receberam a confirmação de sua remoção na última quarta-feira.
Com a retirada, os brasileiros na Venezuela perderão acesso a serviços como emissão de passaporte e certidão de nascimento.
No caso dos diplomatas, a portaria informa da decisão de remover a ministra de primeira classe Elza Moreira Marcelino de Castro e os conselheiros Francisco Chaves do Nascimento Filho, Carlos Leopoldo Gonçalves de Oliveira e Rodolfo Braga.
O governo canadense adotou uma medida similar no ano passado, sem romper relações diplomáticas com a Venezuela. O governo brasileiro não informou, ainda, se adotará uma posição mais extrema. Também não está claro o que acontecerá com os imóveis que pertencem ao Estado brasileiro, entre eles a residência do embaixador, localizada num dos bairros mais sofisticados da capital venezuelana, o Country Club, que passou por uma reforma quase total há alguns anos. Lá estão móveis e obras de arte de alto valor, cujo destino ainda é incerto.
Segundo fontes brasileiras, também deixará o posto nas próximas semanas o encarregado de negócios, Rodrigo Andrade, adidos militares e outros funcionários.
— O que não se sabe, ainda, é o que acontecerá com os funcionários venezuelanos e se alguma estrutura será mantida — disse uma fonte brasileira.
As relações entre o Brasil e a Venezuela estão tensas desde que o Brasil impulsionou a suspensão de Caracas do Mercosul, em agosto de 2017, durante o governo de Michel Temer. No mesmo ano, o governo de Nicolás Maduro expulsou o então embaixador brasileiro, Rui Pereira. Desde então, o Brasil é representado em Caracas por um encarregado de negócios, e Maduro mantém também um representante provisório em Brasília, Freddy Meregote, que, no governo Bolsonaro, deixou de ter qualquer interlocução com o Itamaraty.
No início de 2019, o governo Bolsonaro reconheceu a “presidência encarregada” de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional (AN) de maioria opositora e que teve suas prerrogativas anuladas pela Justiça controlada por Maduro. A relação com Maduro é quase nula, com exceção de um limitado canal militar existente entre as Forças Armadas dois dois países.