Freixo diz que usuário de crack é problema de saúde pública
Foto: Marcelo Freixo/Flickr
É falso que o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) defenda a legalização do crack, diferentemente do que alegam postagens no Facebook. Em nota ao Estadão Verifica, o parlamentar afirmou que não apoia a liberação da droga, e sim propõe que a dependência química seja “encarada como caso de saúde pública”. Freixo é um dos pré-candidatos a prefeito do Rio de Janeiro nas eleições de 2020.
Desde janeiro, grupos e páginas de direita passaram a compartilhar um artigo com o título “Marcelo Freixo defende legalização do crack no país”. Nesta semana, o link voltou a viralizar. O texto cita uma matéria do portal R7 que repercute uma entrevista que Freixo concedeu à revista Época em 2016. Na ocasião, ele concorria à prefeitura do Rio e falou em “dosagem segura” da droga durante o tratamento terapêutico da dependência química. Leia o trecho completo:
“ÉPOCA — Fora seu poder devastador de viciar, o crack não tem uma substância química que o substitua no tratamento terapêutico. Como deve ser a abordagem em relação a essa droga?
Freixo — A política é a redução de danos. A orientação sobre a dosagem segura é uma primeira medida que pode preservar a vida de usuários. Mas outras medidas devem ser tomadas ao longo do processo de tratamento. Para obtermos melhores resultados, o tratamento deve ser personalizado em um projeto terapêutico singular e planejado em etapas de curto, médio e longo prazo.”
A assessoria de imprensa do deputado afirmou que existem tratamentos de usuários de crack que preveem a redução progressiva da dosagem da substância. “É isso o que defendo, que usuários possam receber o tratamento adequado, em vez de ser tratados como bandidos. O que uma mãe prefere, que seu filho usuário seja preso ou morto ou tenha a oportunidade de receber atendimento médico?”, comunicou, em nota.
Na mesma entrevista à Época, Freixo também afirma ser contrário à internação compulsória de viciados e a favor da regulamentação em lei do consumo de drogas.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.