Negacionismo de Bolsonaro pode causar desastre sanitário
Foto: REUTERS . Flavio Lo Scalzo
A maioria dos países da América Latina vive hoje a etapa inicial de propagação do coronavírus, que a Itália viveu no fim de fevereiro. As medidas adotadas agora serão fundamentais para salvar vidas.
A América Latina conta com uma grande desvantagem: economias enfraquecidas que não têm o poder de atuar rapidamente para conter a disseminação do coronavírus. Cada decisão que leve à interrupção da atividade econômica repercutirá negativamente por muitos anos, estima analista da Sputnik Mundo César Salvucci.
Além do mais, os sistemas sanitários poderão colapsar rapidamente à medida que se multiplicarem as pessoas contaminadas que requerem hospitalização.
No entanto, a região conta com uma vantagem que pode ser chave para a sua salvação: está do outro lado do mundo em relação à região onde o vírus surgiu há três meses. Os governos latino-americanos têm a possibilidade de analisar as medidas adotadas nos países mais afetados na Ásia e Europa, precisamente na Itália, China e Coreia do Sul.
A Itália é o país mais próximo desta parte do globo cultural e geograficamente. Há pouco tempo, no final de fevereiro deste ano, os italianos continuavam com suas rotinas, cansados de dias de paranoia midiática e especulações dos governos após os primeiros falecimentos pelo coronavírus.
Na América Latina, o país que melhor aplicar o isolamento social e mais fundos injetar na saúde pública será aquele que melhor estará preparado para esta pandemia. A região tem a oportunidade de mostrar ao mundo a importância de um Estado eficiente.
A Argentina tomou medidas drásticas ante a multiplicação de casos, como a suspensão das aulas e o fechamento das fronteiras, enquanto sua companhia aérea Aerolineas Argentinas continua a repatriação de seus cidadãos que ficaram retidos na Europa.
Ao contrário, como se tratasse de um clássico do futebol, o Brasil menosprezou o impacto do coronavírus. Mais de uma dezena de funcionários do presidente da República contraiu a COVID-19. Além disso, em um primeiro momento, o governo brasileiro delegou várias funções a cada estado da federação, algo que provocou o caos na Itália.
As duas maneiras de encarar a crise já mostram estatísticas: o Brasil atualmente é o país da região com o maior número de pacientes contagiados.