Congresso se revolta com demissão e teme pela Saúde

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Foto: Arquivos/sites/DCO

Congresso reagiu à troca no Ministério da Saúde com críticas ao presidente Jair Bolsonaro e elogios a Luiz Henrique Mandetta. Deputados e senadores relataram temor de que a demissão em meio à crise prejudique o combate ao novo coronavírus no País. Além disso, parlamentares cobraram do novo ministro, Nelson Teich, a adoção de uma agenda técnica apesar da postura do chefe do Planalto na crise.

Em sessão para votar a ampliação do auxílio emergencial a trabalhadores informais, a Câmara reagiu imediatamente ao anúncio. “Mandetta deixa como legado uma estrutura para que o Brasil possa, com governo federal, estados e municípios unidos, atender da melhor forma possível a sociedade brasileira, principalmente as pessoas que necessitam do SUS”, declarou o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Primo de Mandetta, o deputado Fábio Trad (PSD-MS) classificou a demissão como honrosa. “Mandetta, esta mensagem é para o primo e não para o ministro: para quem é punido por suas virtudes e não pelos defeitos, não se deixe abater com a demissão, pois ser demitido deste governo é ser absolvido pela História. Cabeça erguida, primo! Te amo!”, escreveu Trad no Twitter.

No Congresso, há temor de que a troca na equipe causem confusão no combate à pandemia. “Eu só lamento que, no momento de grave crise no Brasil e no mundo, essa substituição eventualmente cause um pouco de distúrbio no conjunto de atos que estão sendo tomados”, afirmou o vice-presidente do Senado, Antonio Anastasia (PSD-MG), desejando em seguida sucesso ao substituto.

O presidente do DEM, partido de Mandetta, ACM Neto, emitiu nota para defender o posicionamento do ex-ministro durante a crise, em linha com a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Não temos dúvidas que o ex-ministro Mandetta ainda contribuirá muito para a vida pública nacional”, diz a nota. ACM ainda mandou um recado para Nelson Teich, esperando “que o novo ministro possa pautar as suas decisões em critérios técnicos e científicos” para evitar um crescimento desenfreado do vírus.

Na oposição, parlamentares fizeram críticas a Bolsonaro, mas também ironizaram o histórico do ex-ministro. “A demissão de Mandetta não passa de um acerto de contas por parte de um chefe que, no auge de sua mediocridade, não tolera um auxiliar se destacando mais do que ele”, disse o líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon.

Nas redes sociais, o deputado Jorge Solla (PT-BA) publicou uma mensagem do ex-ministro quando era deputado federal e votou pelo impachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. “És responsável por tudo que cativar”, escreveu o parlamentar petista.

O líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), afirmou que, se o novo ministro Nelson Teich persistir na defesa do isolamento para todas as pessoas por causa da covid-19 terá “problemas sérios” com o Bolsonaro. “Não vai durar 30 dias no cargo ou terá que rasgar o seu diploma e contrariar toda a comunidade científica mundial”.

Estadão