“Abalados”, bolsonaristas reconhecem saída de Moro

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Foto: Andre Coelho/Valor

A cúpula do Congresso foi informada nesta sexta-feira que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, deve mesmo deixar o governo. Apesar de Moro não ser considerado um aliado da maioria dos parlamentares, os líderes partidários avaliam que a saída dele deve repercutir negativamente na sociedade, principalmente, em razão do momento político.

Nos bastidores, diversos senadores acreditam que a notícia pode representar, na prática, uma “derrocada” do governo Bolsonaro. Além disso, os congressistas dizem que, caso Moro permaneça no governo, ficará “muito clara” sua submissão por uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o que o deixaria desmoralizado.

“Entendo que aquele governo prometido acabou. Os projetos de Guedes [Economia] e Moro não serão implementados. Um perdeu para a pandemia, o outro para o combo rachadinha/milícia digital/Centrão. A opção do governo, inclusive dos generais, será pragmática. Nada de novo, FHC e Lula fizeram isso também. Mas a promessa de renovação acabou”, afirmou o senador Alessandro Vieira (Cidadania-ES).

Bastante abalada pela possível demissão de Moro, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou ao Valor que “provavelmente” ele deixará o cargo, mas que estão tentando reverter essa situação. “Ele não quer sair. Ele só quer ter autonomia de poder mexer na equipe dele”, disse.

Segundo ela, Moro já foi dormir sabendo da demissão do diretor-geral da Polícia Federal, Marcelo Valeixo, publicada no Diário Oficial na manhã desta sexta-feira.

Valeixo pediu para sair por estar cansado, mas o ministro tenta indicar o sucessor de seu aliado e discutiu com o presidente Jair Bolsonaro, que quer outros nomes de sua confiança para o cargo, responsável por coordenar as investigações da PF em todo o país, inclusive aquela que envolve o filho do presidente, o senador Flávio (Republicanos-RJ).

Zambelli conta que conversou por muito tempo com Moro, que foi seu padrinho de casamento, durante a quinta-feira, e chegou a publicar no Twitter, à tarde, que era mentira a saída do ministro. Já nesta sexta-feira, ela resolveu lançar uma campanha nas redes sociais pedindo que o ministro fique.

Eleita com o discurso de combate à corrupção e líder de um dos movimentos de rua que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ela é lacônica ao falar se manterá o apoio ao governo Bolsonaro, caso confirmada a demissão. “Não sei”, respondeu, num tom quase inaudível.

Valor Econômico