Centrão não confia em Bolsonaro para aliança

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Foto: André Coelho/Valor

A nova crise entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, representa um “respiro” para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que vinha sendo alvo frequente da militância bolsonarista nas redes sociais.

O embate protagonizado entre o chefe do Poder Executivo e o ex-juiz da Lava Jato foi encarado com preocupação por lideranças do Centrão, que estavam em rota de reaproximação com o Palácio do Planalto.

Segundo fontes, Maia teria avaliado, em conversas reservadas, que a crise entre Bolsonaro e Moro pode esvaziar o movimento de alguns de seus aliados de compor uma base do governo no Congresso Nacional.

A percepção é que Bolsonaro falha ao enfrentar o seu ministro mais popular em um momento de pandemia. A atuação do presidente durante a crise do coronavírus vem sendo mal avaliada em pesquisas e a decisão de demitir Luiz Henrique Mandetta do comando do Ministério da Saúde não foi assimilada positivamente pela maioria da população.

Com a nova crise interna, aliados de Maia acreditam que a pressão contra o presidente da Câmara nas redes sociais deve diminuir temporariamente, o que deve dar fôlego a ele para resgatar aliados que estivessem tentados a embarcar no governo bolsonarista. Com isso, avaliam fontes, o parlamentar do DEM poderia voltar a ter mais controle sobre a agenda de votações, sem ser encarado como “o dono da bola”.

Entre lideranças do Centrão, o temor é que Bolsonaro seja “desleal” após ter feito promessas de distribuição de cargos entre os partidos do grupo. O eventual recuo, porém, não surpreenderia, segundo parlamentares, já que o presidente ja descumpriu acordos com o grupo em outros momentos de sua gestão.

Diante desse cenário, a ideia é que a reaproximação com o governo seja feita com “cautela”. Um dos receios é que Bolsonaro desista de levar o flerte adiante e os exponha nas redes afirmando aos seguidores que a retomada de relação só estava avançando por interesse dos partidos em cargos.

Valor Econômico