Parlamentares querem interrogar Moro com urgência

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL

Três parlamentares pediram nesta quinta-feira (30) ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, para antecipar o depoimento do ex-ministro Sergio Moro no inquérito que apura a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na autonomia da Polícia Federal.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) querem ainda que o decano (mais antigo ministro) do STF determine a manutenção de todos os delegados atualmente lotados no Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq), responsável pelas investigações a serem realizadas no inquérito.

Ao determinar a abertura do inquérito, Celso de Mello deu prazo de 60 dias para que Moro seja ouvido. Nessa etapa, o ex-ministro da Justiça vai formalizar o que falou em pronunciamento na última sexta-feira ao deixar o governo e poderá ainda entregar provas.

Esse prazo ainda não começou a contar porque Celso de Mello determinou que, antes de o inquérito ser remetido para a PF, a Procuradoria Geral da República deve se manifestar sobre um pedido para apreender o celular da deputada Carla Zambelli (PSL-SP).

Mensagens trocadas por Moro e reveladas pelo Jornal Nacional mostram que a parlamentar tentou convencer Moro a permanecer no cargo, em meio a polêmica envolvendo a troca de comando na Polícia Federal, e se ofereceu para tentar convencer o o presidente Jair Bolsonaro a indicá-lo para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal. Moro deixou o governo após o presidente ter demitido o delegado Maurício Valeixo do comando da PF.

“A gravidade das acusações dirigidas ao presidente da República, em nosso entendimento, somada à grave crise política pela qual atravessa o país, leva a crer que o prazo de 60 (sessenta) dias para a realização da diligência em tela pode se demonstrar excessivo, mormente porque o prolongamento da crise política resulta em prejuízos para o combate às concomitantes crises na Saúde e na Economia. Nesse sentido, a elasticidade do prazo concedido pode redundar em iminente risco de perecimento das provas”, dizem os parlamentares.

Os políticos pediram ainda a manutenção de delegados que atuam em inquéritos no STF para evitar possível interferência na PF com a troca do comando da entidade.

“A razão está em que o novo ministro da Justiça [André Mendonça], bem como o futuro diretor-geral da Polícia Federal, podem vir a cooperar, ainda que indiretamente, para satisfazer os anseios do Presidente da República, contrários à autonomia de referido órgão”, escreveram.

Em meio ao debate sobre interferência na cooperação, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a PF mantenha a equipe de delegados que cuida dos inquéritos que apuram fake news e atos antidemocráticos independente da troca de comando, numa blindagem às investigações.

Gazeta Web