Coordenador diz que SP tem que aumentar já o isolamento
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Autoridades de saúde integrantes do Centro de Contigência do coronavírus em São Paulo demonstram preocupação em relação às constantes quedas na taxa de isolamento social no estado e ressaltam a urgência de se implantar medidas de afastamento mais efetivas. O desafio maior é em relação às periferias, regiões em que o vírus tem se expandido com rapidez. Segundo Dimas Covas, coordenador do Centro de Contingência, se medidas mais restritivas não forem tomadas agora, “será tarde”.
– A epidemia se desloca para as periferias, onde temos a maior densidade populacional. Isso é um problema, sem dúvida, porque ali há condições muito propícias à transmissão. Mesmo que a pessoa se isole, ela fica em uma casa com muitas pessoas, com uma metragem quadrada reduzida. É um desafio, só que as medidas precisam ser tomadas rapidamente. Não podemos esperar esgotar nossa capacidade de atendimento ou de ações específicas nessas regiões. Se não tomarmos medidas agora, mas daqui a uma semana, ou dez dias, será tarde. É preciso agir no sentido de implementar maior adesão às medidas de afastamento focadas nas comunidades – afirmou, em coletiva de imprensa.
Ontem, o coordenador do Centro de Contingência já havia dito que São Paulo caminha para o lockdown em alguns municípios se não houver uma reversão nas taxas de isolamento e de ocupação dos leitos hospitalares. Ele não adiantou em quais cidades a medida poderia ser adotada, mas o governo destacou que as áreas com piores índices são a região metropolitana de São Paulo e a Baixada Santista.
A taxa de isolamento no estado e na região metropolitana de São Paulo tem caído nas últimas semanas em comparação aos números registrados no início da quarentena. Em meados de março, São Paulo atingiu taxas de 56% de isolamento, mas hoje o número não tem passado de 47%, mesmo com medidas mais restritivas de circulação, como o rodízio ampliado de veículos.
– Índice de isolamento é medida indireta para a taxa de contágio. Quanto mais elevado, menor a taxa. A taxa de contágio aumentou, então isso vai se refletir nas próximas semanas. Se cai (a taxa de isolamento), todo o esforço que fizemos antes se perde rapidamente e coloca de novo o vírus em circulação. Aponta para uma piora dos indicadores. Estamos em um momento muito crítico da evolução dessa pandemia – disse Dimas Covas.
De acordo com Paulo Menezes, responsável pela Coordenadoria de Doenças Emergenciais da Secretaria de Saúde de SP, 8% das pessoas diagnosticadas com Covid-19 em São Paulo morreram não por falta de leito de UTI, mas porque o vírus “se mostra mais agressivo do que no início da epidemia”.
– A doença é mais grave do que as pessoas imaginam. Acho que a gente precisa entender que isolamento social não é só em função de termos leitos com respiradores, mas é a única coisa que podemos fazer para evitar que as pessoas peguem um vírus que causa doenças muito graves, ou sequelas irreversíveis.
Nesta quinta-feira, a taxa de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) na Grande São Paulo é de 85%. Já no estado, a situação é menos crítica: 69%.
Há quase 10 mil pessoas internadas entre suspeitos e confirmados para Covid-19, segundo o secretário de Saúde, José Henrique Germann. São Paulo soma 54.286 casos de coronavírus e 4.315 mortes.