China prega aumentar estoque de alimentos
Foto: UESLEI MARCELINO / Reuters
A China pediu que empresas de comércio e processadoras de alimentos aumentem os estoques de grãos diante de uma possível segunda onda do coronavírus e o agravamento das taxas de infecção em outros lugares levantam preocupações sobre as linhas de suprimento globais.
Um comerciante ouvido pela agência de notícias Reuters citou a disseminação da doença no Brasil, afirmando “que as coisas não parecem bem” no país. O Brasil é principal exportador de soja para a China.
Negociadores estatais e privados de grãos, assim como produtores de alimentos, foram orientados a adquirir maiores volumes de soja, óleo de soja e milho durante conversas com o Ministério do Comércio da China nos últimos dias, disseram três fontes comerciais à Reuters.
— Existe possibilidade de um colapso no fornecimento devido às infecções por coronavírus. Por exemplo, um porto de origem ou destino pode fechar — disse um trader sênior de um dos maiores processadores de alimentos da China, que conversou na semana passada com autoridades para discutir compras.
Ele acrescentou:
— Eles nos aconselharam a aumentar os estoques, manter os suprimentos mais altos do que normalmente temos. As coisas não parecem bem no Brasil — disse, referindo-se ao principal fornecedor de soja da China e importante exportador de carne, cujo número de casos da Covid-19 superou os de Espanha e Itália.
Uma segunda fonte na China, informada por uma pessoa que participou de uma das reuniões, disse que o Ministério do Comércio da China se reuniu com algumas estatais na terça-feira para discutir como garantir suprimentos durante a pandemia.
— Uma das principais preocupações é como a epidemia na América do Sul pode impactar o fornecimento (de feijão) para a China — afirmou a fonte.
O Ministério do Comércio da China não respondeu a um pedido de comentário sobre planos para aumentar estoques de alimentos.
Os embarques brasileiros de soja foram adiados em março e abril devido a uma combinação de fortes chuvas e mão de obra reduzida à medida que entraram em vigor regras de contenção por causa do coronavírus, levando a uma queda nos estoques chineses de soja para baixas recordes.
As chegadas do Brasil desde então se recuperaram, mas autoridades continuam cautelosas com novas interrupções. Nas últimas semanas, o conglomerado agrícola estatal chinês COFCO e o distribuidor de grãos Sinograin aumentaram as compras de soja e milho nos EUA.
Pequim também aumentou suas alocações de cotas de importação para os principais compradores de grãos, abrindo caminho para novas compras em potencial.