Flávio Dino diz que só médicos podem decidir sobre cloriquina

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Uma eventual mudança das diretrizes adotadas pelo Ministério da Saúde após a saída de Nelson Teich não deve alterar as orientações nos estados para o uso da cloroquina no combate ao novo coronavírus.

A avaliação foi feita hoje pelos governadores Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, e João Azevêdo (Cidadania), da Paraíba. Em entrevista hoje à CNN Brasil, ambos informaram que o uso da medicação nos respectivos estados é de responsabilidade de médicos e pacientes.

“O que fizemos aqui foi assegurar o fornecimento do medicamento, de modo que essa é uma decisão de cada médico, em cada serviço estadual de saúde, contando inclusive com a autorização do paciente. Não há uma decisão normativa”, disse Dino, que criticou o debate político a respeito.

“O problema central é que esse tema da cloroquina virou um tema político. Tivemos dois ministros da Saúde demitidos por essa razão. Agora, estamos diante dessa estranha circunstância, em que, segundo se especula, serão os generais a decidir o protocolo nacional, sem que haja lastreamento”, analisou.

Ainda segundo Dino, o Maranhão vai manter a orientação nos cuidados com a covid-19, mesmo com possíveis mudanças a respeito no Ministério da Saúde. “Não será governador, general, presidente da República que vai determinar conduta médica”, assegurou.

Os pontos de vista foram semelhantes aos de João Azevêdo. Segundo o governador da Paraíba, a cloroquina é permitida no estado, desde que o paciente aceite o uso.

“Na Paraíba, existe um protocolo elaborado por todos os técnicos aqui da Secretaria Estadual de Saúde, de já incluir a cloroquina em alguns casos. Isso depende muito da autorização do paciente. Ele não tem, por falta de estudos conclusivos, a garantia da eficácia. Mas há a aplicação, sim, em determinados casos”, informou Azevêdo.

De acordo com o governador paraibano, “neste momento, os médicos é quem têm a palavra final para a utilização” da cloroquina, e o uso poderá ser ampliado mediante estudos mais conclusivos.

“Aqui no Consórcio Nordeste, temos um comitê científico, coordenado pelo professor Miguel Nicolelis, que tem dado um suporte grande e subsidia a tomada de decisão por parte dos governadores. Não tenho dúvida nenhuma: se comprovada a eficácia do medicamento, os médicos farão uso do medicamento”, declarou.

Os dois governadores ainda pediram mais diálogo com o novo ministro da Saúde. Atualmente, a pasta é chefiada de maneira interina pelo general Eduardo Pazuello.

“É até esquisito lembrar que o país está sem ministro da Saúde. Esperamos que haja a resolução disso o quanto antes. É atípico que tenhamos tido dois ministros da Saúde nesse período tão difícil. Esperamos que seja uma pessoa que dialogue, com diretrizes científicas. Tivemos diálogo com o Nelson (Teich) e com o (Luiz Henrique) Mandetta; que tenha esse perfil de diálogo e de ouvir a comunidade científica, técnica, acadêmica”, disse Flávio Dino.

“Espero que o ministro possa dialogar. Como seria bom se tivéssemos uma fala única, um discurso único – do presidente, do ministro, de governadores e de prefeitos”, concordou Azevêdo.

Uol