Com medo, Bolsonaro pediu expurgo de faixas pró-golpe
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A quase ausência de faixas com dizeres antidemocráticos na manifestação bolsonarista em Brasília no último domingo não foi uma coincidência. O presidente Jair Bolsonaro fez chegar a seus apoiadores o recado de que não compareceria se houvesse faixas pedindo intervenção militar ou fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
A mando do presidente, deputados bolsonaristas, como Alê Silva (PSL-MG), Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP), repassaram a mensagem em grupos de WhatsApp de apoiadores. O resultado é que não havia faixas em apoio a um “novo AI-5”, como em todas as manifestações anteriores do mesmo grupo, tampouco pedidos explícitos por uma intervenção militar no país.
O pedido não impediu completamente os ataques ao Judiciário e Legislativo. Alguns criticavam a “ditadura” do Supremo Tribunal Federal (STF), e um deles tinha um cartaz de apoio à fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, pedindo a prisão de ministros do STF: “Weintraub: Todos na cadeia, 1° STF”, dizia. Outro pedia “faxina geral no STF e no Congresso Nacional”.
As manifestações na Esplanada dos Ministérios aos domingos contam com a participação de um grupo que se auto-intitula “300 do Brasil”. Seus integrantes têm divulgado manifestos sugerindo o uso de táticas de guerrilha para “exterminar a esquerda” e “tomar o poder para o povo”. Uma das organizadoras, a ex-militante feminista Sara Winter, deu entrevista à BBC Brasil dizendo que os manifestantes do grupo acampam em Brasília armados, para “proteção dos membros”.
O presidente acabou comparecendo à manifestação no domingo, na companhia de deputados bolsonaristas. Não usou máscara, desrespeitando a regulação do Distrito Federal, que prevê multa de até R$ 2 mil para quem não usar o equipamento de proteção em público. A um interlocutor, disse que “faz isso para provocar”.