Crossfit sofre consequências de comentários racistas do proprietário
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Um tuíte do fundador da marca esportiva CrossFit, que jogou a empresa no meio da discussão racial nos Estados Unidos na semana passada, caiu como uma bomba entre os afiliados no Brasil. Donos de academias locais estudam abandonar a marca depois que Greg Glassman fez um trocadilho entre o nome da doença Covid-19 e o sobrenome de George Floyd, cujo assassinato por um policial branco repercutiu no mundo todo com manifestações contra o racismo.
Glassman escreveu “Floyd-19” após uma entidade de saúde tuitar uma mensagem de apoio à vítima dizendo que racismo é questão de saúde pública. Depois disso, ele começou a perder afiliados pelo mundo e parceiros como a Reebok.
No Brasil, o desrespeito de Glassman também gerou uma onda de manifestações solidárias a Floyd postadas por academias que usam a bandeira CrossFit. A polêmica foi a gota d’água na esteira de outros aborrecimentos dos brasileiros com a matriz.
Segundo eles, a CrossFit não deu apoio adequado aos afiliados na quarentena. A alta do dólar, que encareceu a taxa anual cobrada pela empresa, é outro agravante, dizem os afiliados que planejam deixar a marca.
“Para nós ‘Black Lives Matter’”, postou a academia CrossFit Arzo One, de Porto Alegre. O Wod Social Games, que reúne praticantes da modalidade também manifestou repúdio a Glassman.
A força da marca CrossFit, porém, ainda pesa. “É um nome forte. As pessoas procuram aula de crossfit, não de treinamento funcional extremo”, afirma Ricardo Leone, sócio da academia CrossFit Brasil. Para ele, a empresa deu uma resposta adequada ao retirar Glassman do cargo.
No mês passado, quando Bolsonaro baixou decreto colocando as academias de ginástica entre as atividades essenciais que deveriam ficar abertas na quarentena, o nome de Edgard Corona, dono da SmartFit, circulou como o grande beneficiário da medida. Na época, ele era tido como o empresário mais próximo de Bolsonaro no ramo.
Após a nomeação de Fábio Faria como novo ministro das Comunicações na semana passada, quem atua nos negócios esportivos lembrou que Corona não seria o único defensor de Bolsonaro beneficiado pelo afago que o presidente tentou oferecer ao setor no meio da quarentena. Faria é sócio da Bodytech.