Ameaças de Bolsonaro à República denotam medo
Foto: Alan Santos/PR
Ao que tudo indica, a mais recente rodada de ataques e de ameaças do bolsonarismo aos Poderes no final de semana embute certo desespero diante da dificuldade em montar uma estratégia de defesa consistente do presidente, especialmente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A tese defendida pela advogada Karina Kufa, de que a chapa Jair Bolsonaro–Hamilton Mourão não pode ser responsabilizada pelos atos de seus eleitores, ainda é arriscada para mantê-lo no Planalto, afirmam juristas com alta rodagem eleitoral consultados pela Coluna.
Na interpretação desses juristas, não é preciso confirmar a culpa do candidato para que a chapa seja cassada. Se o resultado do pleito for influenciado e o candidato, beneficiado, o mandato pode, sim, ser abreviado. Lembram que a legislação protege o resultado democrático e a paridade de armas.
Ou seja, se houve abuso do poder econômico ou dos meios de comunicação em prol da chapa Bolsonaro-Mourão na eleição, pouco adianta a defesa do presidente e do vice dizer que não sabia.
Em linhas gerais, no TSE é disso que se trata: abuso do poder econômico e financiamento irregular (por parte de empresas), além, é claro, de eventual falsidade ideológica na prestação de contas.
Até agora, a tese de Karina Kufa repete um modus operandi: o presidente nunca se responsabiliza por nada, joga a batata quente para os outros.
FHC subiu o tom no Twitter: “Gritemos: não ao golpismo! Os militares são cidadãos: devem obediência à Constituição como todos nós. Defendamos juntos Brasil, povo e lei, antes que seja tarde”.
Enquanto o ex-presidente FHC continua firme, o PSDB colheu no final de semana um “feito” raro. Foi criticado pelos 30% de bolsonaristas por não defender o presidente, mesmo tendo representantes no governo. E ainda pelos 70% que rejeitam Bolsonaro por não ter defendido o impeachment.