PF cria versão sem provas sobre alerta a Bolsonaros
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No encerramento do primeiro inquérito sobre suspeitas de vazamentos do caso Queiroz para a família de Jair Bolsonaro, no ano passado, a Polícia Federal especulou, sem apurar, que ofícios de agendamento de depoimentos enviados à Assembleia do Rio poderiam ter alertado deputados estaduais de que havia uma investigação em andamento. Diante disso, “aqueles mais precavidos poderiam tomar medidas de conter os danos”, escreveu a PF no relatório.
“De acordo com essa hipótese, tendo em vista que Jair Bolsonaro disputava candidatura à presidência e seu filho Flávio, ao Senado, é razoável supor que, tendo conhecimento das medidas que estavam sendo tomadas, providenciassem o afastamento e/ou exoneração dos assessores sobre os quais pairasse qualquer tipo de dúvida acerca de idoneidade e conduta”, consta no relatório.
A PF, no entanto, disse não saber quando os ofícios teriam ido à Alerj, o que fragiliza a tese. No inquérito da rachadinha, não há nenhum documento enviado antes da operação Furna da Onça ir para as ruas. Envolvidos na investigação também negam que a suposição relatada faça sentido.
O inquérito foi aberto a pedido de parlamentares do PT diante do fato de que Jair e seu filho Flávio exoneraram assessores que apareceram em relatórios do Coaf antes da deflagração da operação. A apuração foi arquivada em dezembro do ano passado, “sem restar confirmadas as suspeitas suscitadas.”
A investigação foi reaberta no mês passado, após entrevista do empresário Paulo Marinho à Folha.
Na conclusão do inquérito, a PF também colocou uma linha do tempo com o caminho percorrido pelos relatórios do Coaf, mostrando que os documentos estavam com o Ministério Público do Rio desde janeiro de 2018.