SP tem primeira semana com menos mortes
Foto: Reprodução/ Internet
Após dados relativos à cidade de São Paulo indicarem que o pico da pandemia de coronavírus pode ter passado, o estado também registrou pela primeira vez uma diminuição no número de novas mortes na semana.
Apesar de ligeira, a diferença negativa é inédita. A semana de número 24 da pandemia, que se encerrou no dia 13 de junho, teve 1.523 óbitos pela Covid-19. Nos sete dias anteriores, este número havia sido de 1.526 e, antes, de 1.487 (ou seja, a curva era crescente até então).
A diminuição é registrada apesar do crescimento de mortes no interior, que representava 16% do total do estado no fim de maio, e passou para 18% após 14 dias.
“Este número não chega a aumentar em função da redução na região metropolitana. Esse aumento no interior é compensado por uma redução na região metropolitana”, disse João Gabbardo, coordenador executivo do centro de contingência da Covid-19.
Da semana 13 para a 14, as primeiras apresentadas no levantamento do governo de São Paulo, o crescimento de óbitos havia sido de 460%. Na última, foi de 16,81%.
Há mais de 178 mil casos registrados no estado até agora; a projeção feita pelo governo é de até 290 mil no final do mês de junho (ou 235 mil, na visão mais otimista). O modelo matemático também prevê de 15 mil a 18 mil óbitos —hoje, são mais de 10 mil.
“O número de casos vem aumentando porque estamos testando mais, mas o número de óbitos está caindo, mostrando que nós temos uma certa segurança para implementar as medidas que vem sendo implementadas”, afirmou Carlos Carvalho, coordenador do centro de contingência da Covid-19.
Com o afrouxamento da quarentena no estado, o receio de uma segunda onda de coronavírus aumenta. É um temor com o qual convive, por exemplo, a China, primeiro país atingido com força pela pandemia.
No caso de São Paulo, os indicadores apresentados atualmente pelo governo mostram a situação referente a um passado próximo, das últimas duas semanas. Isso porque há um espaço de tempo entre uma pessoa testar positivo para Covid-19, ser internada e ter alta ou morrer.
Portanto, os efeitos da reabertura devem ser sentidos, pela estatística, dentro de uma ou duas semanas. Um estudo de um grupo ligado à USP, por exemplo, indica que o processo de reabertura pode causar um aumento de 71% nas mortes.
Neste cenário, seriam mais de 10 mil óbitos a mais até o início de julho em comparação à projeção sem o afrouxamento do isolamento.
“Se existe a possibilidade de um segundo pico? Existe, é real, do mesmo jeito que a abertura em outras cidades ao longo do mundo foi monitorada e quando essa tendência existe, você pode dar um passo atrás, nosso comitê de saúde também vem observando isso”, afirmou Carlos Carvalho.
Marco Vinholi, secretário do desenvolvimento regional, disse que a projeção para o mês de julho deve ficar pronta no início do mês.
João Gabbardo afirmou que, por não ter adotado um “lockdown”, o estado de São Paulo terá que conviver por mais tempo com algum nível de quarentena em relação a outros lugares.
“Isso [a adoção da quarentena] fez com que nós tivéssemos menos pessoas doentes simultaneamente, o que impede o colapso do sistema de saúde. Esse era o plano, mesmo sabendo que com isso nós vamos ter um tempo maior para as medidas voltarem à normalidade. Nossa curva foi achatada, mas vamos precisar conviver um pouco mais de tempo com o distanciamento”, afirmou ele.
Finalmente, a secretária de desenvolvimento econômico, Patrícia Ellen, afirmou que as medidas adotadas por São Paulo são similares às adotadas em outros países, mas com acréscimo de fatores regionais.
“Com relação ao ‘lockdown’ em nível nacional, claro que teria facilitado muito nosso trabalho ter uma integração nacional de mensagem, mas a nossa quarentena para São Paulo foi a correta dada a realidade o estado”, afirmou.
Na última semana, a cidade de São Paulo permitiu a reabertura do comércio de rua, de shoppings, de concessionárias e imobiliárias, todos seguindo restrições.
A capital, assim como a maior parte do estado, foi enquadrada pelo governo na fase laranja da escala de afrouxamento da quarentena, a primeira da reabertura econômica.