Bolsonaristas começam a retomar PSL
Foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo
Não foram só partidos do “núcleo duro” do centrão, como PP e PL, que sentiram a força da atração do governo federal nos últimos meses. O presidente Jair Bolsonaro acenou também ao seu antigo partido, o PSL, e conseguiu reconquistar deputados antes rompidos com ele.
A ofensiva começou há mais de um mês, quando deputados do partido receberam ligações de Gurgel (PSL-RJ). Ele e Felipe Francischini (PR) coletaram indicações para “apadrinhar” verba federal do combate ao coronavírus nos municípios. As conversas aconteceram sem participação da então líder do PSL na Câmara, Joice Hasselmann (SP).
O governo ofereceu cerca de R$ 10 milhões em indicações na verba do Covid-19 para cada deputado que se comprometa a participar da base aliada. O dinheiro vai para prefeituras escolhidas por eles. Líderes negociaram os valores em seus partidos, mas Joice foi deixada de fora, já que não se entende com Bolsonaro. A negociação coube a Gurgel e Francischini.
No grupo de 53 parlamentares, há 12 suspensos justamente por sua militância bolsonarista. Houve um racha no ano passado, e cerca da metade dos deputados foram fiéis a Luciano Bivar, presidente do partido. Entre esses parlamentares, porém, alguns já estão dispostos a voltar a dialogar com Bolsonaro.
Nas últimas semanas, nomes como Gurgel, Francischini, Charlles Evangelista (MG), Nicoletti (RR), Julian Lemos (PB), Fabio Schiochet (SC) e Delegado Pablo (AM) reabriram o diálogo com o governo.
— A gente é aliado do governo, e não alienado. Nós vamos apoiar nas pautas em comum, mas não votar 100% por ser governo. Francischini não tem um embate direto, então vai poder fazer um trabalho legal — diz Evangelista.
Na terça-feira da semana passada (9), Joice deixou o cargo de líder, dizendo que irá se preparar para a candidatura à Prefeitura de São Paulo no segundo semestre. Felipe Francischini assumiu no seu lugar. No dia seguinte, Bolsonaro condecorou o deputado com a Ordem do Mérito da Defesa.
Francischini é apontado como um nome capaz de dialogar não só com o Palácio do Planalto, mas também com Arthur Lira (PP-AL), hoje conhecido como “líder informal” do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. O governo recentemente negociou cargos e verbas também com o PSD, Republicanos e PL.
— Lá atrás, quando a Joice assumiu a liderança, muita coisa foi levada para o lado pessoal. E talvez agora se esteja compreendendo que não dá para levar as coisas para o lado pessoal — pontua Felício Laterça (RJ).