Primeiro ministro da Educação de Bolsonaro critica Weintraub
Foto: Reprodução/MEC
Ex-ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o professor e filósofo Ricardo Vélez Rodríguez disse hoje, ao UOL Entrevista, que o seu sucessor no comando da pasta, Abraham Weihtraub, implementou pautas influenciadas pelo escrito Olavo de Carvalho e seus seguidores, o que é ruim para a área.
Na entrevista conduzida pela repórter Ana Carla Bermúdez e pelo colunista Tales Faria, Vélez ainda disse que o Brasil precisa de políticas na educação que sejam formuladas em conjunto com estados e municípios.
“Houve uma presença marcante das pautas olavistas [na gestão de Wenitraub], o que é ruim. Em uma reforma na educação do tamanho de um país como o Brasil é preciso a colaboração de todos, de todas as secretarias municipais e estaduais, e com diálogo. Tem que seguir um rito constitucional”, disse.
Considerado uma espécie de guru do governo Bolsonaro, Olavo de Carvalho exerce grande influência sobre os filhos do presidente.
Segundo Vélez, a influência de olavistas no entorno de Bolsonaro também explica em parte a sua demissão nos primeiros meses do governo. Ele citou que gostaria de implementar um modelo em cursos profissionalizantes que foi contestado pelos seguidores de Olavo de Carvalho.
“Acharam que eu tinha tucanado, só que isso não tem batismo ideológico. É garantir ensino chão de fábrica. Eles me obrigaram a sair. Infelizmente, Bolsonaro tomou partido deles e saí”, disse.
O ex-ministro, porém, disse que não guarda mágoas de sua demissão. “Cargo público não é propriedade, é serviço. Não fiquei ressentido, disse a Bolsonaro: ‘quem me chamou foi o senhor. O cargo é seu, muito obrigado pela oportunidade’. Fiquei triste que a proposta não iria até o final e por forças ideológicas terem puxado o tapete. Mas não magoado.”
Vélez foi o primeiro ministro da Educação escolhido por Bolsonaro, cargo que ocupou durante pouco mais de três meses. Acabou demitido pelo presidente em abril de 2019 após colecionar uma série de medidas controversas, entre elas a demissão de mais de dez funcionários do alto escalão da pasta.
Para Vélez, a influência de Olavo de Carvalho e seus seguidores no governo tem como efeito negativo, principalmente, um discurso que atrapalha o pluralismo.
“Eu sou um liberal conservador. Quero lutar pela liberdade respeitando as tradições, a Bíblia, a religião, heróis nacionais, a nossa história pátria. Então, é possível juntar tudo isso, mas eu sei que nem todo mundo é liberal, há muita gente que tem ideologias diferentes. Então, atrapalha nesse sentido, insiste muito numa vertente de combate com exclusão. É importantíssimo termos uma mentalidade pluralista”, disse.