Governo segue tentando desovar excesso de cloroquina
Foto: Erasmo Salomão
O Ministério da Saúde encaminhou um ofício à Fundação Oswaldo Cruz solicitando a divulgação da cloroquina e da hidroxicloroquina como tratamento precoce para a Covid-19, desde os primeiros dias de sintomas. No entanto, a pasta não cita nenhum estudo que embase a adoção dessa estratégia.
O documento enfatiza que o tratamento com essa medicação faz parte da estratégia da pasta para reduzir o número de casos que demandem internação hospitalar.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde e com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “todo país é soberano para decidir sobre seus protocolos clínicos de uso de medicamentos”. Embora a cloroquina e a hidroxicloroquina sejam licenciadas para o tratamento de outras doenças, não há evidência científica até o momento de que esses medicamentos sejam eficazes e seguros no tratamento da Covid-19.
Em março, a OMS lançou o Estudo Solidariedade, que busca ajudar a encontrar tratamento eficaz para o novo coronavírus. A cloroquina foi um dos medicamentos que começaram a ser investigados pelo estudo clínico. Entretanto, no dia 17 de junho a pesquina com a hidroxicloroquina foi interrompida.
Segundo resultados recentes, o medicamento não resulta na redução da mortalidade de pacientes com o vírus e que estão hospitalizados.
Em nota, a Fiocruz diz que está ciente das orientações do Ministério da Saúde sobre o uso “off label” – quando o fármaco é utilizado para uma indicação diferente daquela que foi autorizada pelo órgão regulatório – da cloroquina e da hidroxicloroquina contra a Covid-19.
A Fiocruz também entende ser de competência dos médicos a possível prescrição do medicamento. A instituição enfatizou ainda que, por designação do Ministério da Saúde, é a responsável no Brasil pelo estudo clínico Solidariedade.