Bolsonaro usa filho 03 para tocar baixarias contra adversários
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A família presidencial gosta de polêmica e faz disso uma estratégia política, como se sabe. Os que mais gostam de cumprir o papel, seguindo o pai, são o segundo e o terceiro dos filhos que há anos conquistam mandatos públicos. Mas quando a tormenta se aproximou do primeiro, Flávio, o presidente Jair Bolsonaro recolheu-se, mudou de estratégia e tem colhido elogios. Afinal, no meio da pandemia do novo coronavírus, as declarações conflituosas estavam produzindo muito desgaste institucional.
Acontece que o silêncio começou a irritar os bolsonaristas raiz, grupo no qual está começando a haver rachas diante do novo modelo político do chefe do governo. Nos últimos dias, o deputado Eduardo Bolsonaro entrou em campo criando atritos. Meteu-se até a apoiar a campanha de Donald Trump, provocando reação do presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Estados Unidos. Isso o colocou em destaque e animou a torcida da extrema-direita.
Além de manter também críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), corte que é alvo primordial dos seguidores cegos da família, Eduardo Bolsonaro tem procurado assuntos que geram engajamento dos adeptos do bolsonarismo, especialmente nas redes sociais. Ele atacou o youtuber Felipe Neto, crítico feroz do governo, e pediu a não politização da cloroquina, como se não fosse o pai o incentivador-mor do uso do medicamento que não tem eficácia comprovada contra a Covid-19.
Entre antigos aliados, que foram próximos da família até recentemente, a leitura é a de que o atual momento político do clã Bolsonaro passa pela divisão de tarefas. Jair mantém a nova estratégia paz e amor, Flavio fica quieto, Carlos conspira e Eduardo agita a militância. O filho 03 tem aberto seguidas polêmicas porque, afinal, alguém tem que fazer isso diariamente pelo clã.