Moro tentará instrumentalizar guerra contra Lava Jato
Foto: Cristiano Mariz
Depois de o GLOBO noticiar como o governo e o Supremo Tribunal Federal trabalham para afastar o Ministério Público dos acordos de leniência, o ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava-Jato Sergio Moro alertou à colunista Bela Megale que há um movimento para enfraquecer o Ministério Público no governo Bolsonaro. A mudança discutida pelo STF com a Corregedoria-Geral da União, Advocacia-Geral da União, Ministério da Justiça, Procuradoria-Geral da República e Tribunal de Contas da União pode ter esse efeito. Outra consequência é dar a Moro o discurso que ele precisa para se manter no debate político.
O ex-ministro não comenta a possibilidade de fazer carreira na política, quanto mais uma candidatura à Presidência. Mas é um nome inevitável a ser pensado para as eleições em 2022, pela notoriedade que alcançou nos processos de Curitiba e que manteve na sua passagem pela Justiça.
Um candidato, para ser viável, no entanto, além de popularidade, precisa de uma marca, uma bandeira de fácil entendimento e ao qual seja associado, em contraponto a quem ocupa o poder, para se viabilizar como alternativa. A reprovação à gestão de Bolsonaro na pandemia pode ficar dividida entre a oposição e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, e dependendo da evolução do combate ao coronavírus, chegar enfraquecida em 2022. A indignação contra a corrupção, no Brasil, é provável que não.
A Lava-Jato passou a semana alvejada pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, o que convulsionou o início da sessão do Conselho Superior do Ministério Público Federal nesta sexta-feira. Aras criticou os integrantes da operação em teleconferência com senadores, depois de ter feito o mesmo com advogados. As declarações podem ter agradado aos interlocutores desses encontros. Quem não participou da conversa, mas a acompanhou pelo noticiário, ficou menos tranquilo, e esse incômodo favorece o ex-juiz.